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MP vai apurar responsabilidades

Promotores avaliam atuação de engenheiro e do Estado; empresa culpa chuvas e rompimento de açudes no CE

Por TERESINA
Atualização:

O Ministério Público Federal (MPF) determinou a abertura de um procedimento de investigação para apurar responsabilidades no caso do rompimento da parede da Barragem Algodões 1, no Piauí. As famílias haviam sido retiradas do local no início do mês, por prevenção, e retornaram na semana passada, por determinação do engenheiro responsável pela obra, Luís Hernane de Carvalho. O procurador da República, Kelston Lages, informou que o MPF está colhendo informações. O Ministério Público do Estado (MPE) também avalia se há responsabilidade do engenheiro ou do Estado na tragédia. "A água não levou mais de dois minutos para inundar tudo aqui", disse o lavrador José Maria Silva. "É lamentável um engenheiro dizer que as famílias poderiam voltar. Ele deu a garantia, se responsabilizou, dizendo que não tinha nenhum risco. Não acredito que seja engenheiro." Presidente da Empresa de Gestão de Recursos do Piauí (Emgerpi), Lucile Moura autorizou o reparo da barragem e disse que não houve falha no monitoramento das águas nem no trabalho do funcionário. Segundo ela, o planejamento fugiu ao controle, por causa das chuvas intensas e dos açudes que romperam no Ceará e desaguaram no Algodões 1. Lucile também não acredita em erro do engenheiro - que não foi localizado. Ela destacou que os pareceres técnicos apontavam para o fim das fortes chuvas na região. "Isso foi acidente. Não existe obra de engenharia no mundo que suporte ação dessas." Por sua vez, o governador Wellington Dias disse que não busca responsabilidades para um acidente natural. "Vimos aqui (na área dos resgates) engenheiros, bombeiros, policiais militares, mototaxistas, muita gente empenhada em fazer o bem. Em salvar vidas. Ninguém pode, neste instante, ir nessa direção (da busca de responsabilidades). Se alguém tomou decisões, fui eu. Precisávamos atender as pessoas e tínhamos segurança para as obras." ALERTA "O engenheiro estava em cima da obra, fazendo a obra, quando começou esta situação. Foi a mesma pessoa que deu o alarme", continuou o governador. "Ninguém paga a vida das pessoas, não tem preço, mas não vamos nessa direção", explicou o governador. "Acusação e processo são (decisões) de cada um. Mas as vítimas estão precisando da gente e essa é a nossa prioridade", acrescentou. Dias mobilizou os órgãos estatais para realizar um monitoramento das dez grandes barragens do Piauí, para prevenir rompimentos. "Temos o comitê de bacias hidrográficas, que deve controlar as vazões e nos preparar para futuras enchentes. Mas o presidente Lula já foi informado de que tem de ter um fundo nacional de Defesa Civil e comitês para trabalhar de forma preventiva e permanente." Os prefeitos de Cocal, Fernando Sales Filho (DEM), e de Buriti dos Lopes, Ivana Fortes (PMDB), estão recebendo orientações diretas do coordenador da Defesa Civil Nacional, coronel Alexandre Lucas. Foram instalados comandos de situação para segurança, saúde, alimentação e o atendimento necessário aos flagelados nesses dois municípios. ÁREA DE RISCO Histórico: A Barragem Algodões 1 tem 58 milhões de metros cúbicos de água e foi construída em 1995 convênio entre o Departamento Nacional de Obras contra Secas (Dnocs) e o governo do Estado do Piauí. Localiza-se mais especificamente na zona rural de Cocal, 268 km ao norte de Teresina Atingidos: Foram retiradas 10 mil pessoas entre Cocal e Buriti dos Lopes. Cem comunidades num curso de 80 km do Rio Piranji estão sendo monitoradas

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