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MP vai pedir prisão preventiva de Suzane, Daniel e Christian

Por Agencia Estado
Atualização:

O Ministério Público Estadual (MPE) vai pedir nesta terça-feira a prisão preventiva e oferecer denúncia (acusação formal) contra Suzane Louise von Richthofen, de 19 anos, o namorado dela, Daniel Cravinhos de Paula e Silva, de 21, e o irmão dele, Christian, de 26, acusados de assassinar o casal Manfred Albert e Marísia von Richthofen. Além de iniciar o processo por duplo homicídio e furto contra os três, o promotor Roberto Tardelli quer colocar um ponto final no que ele qualifica de "exploração circense" do caso. "O crime é uma tragédia familiar sem tamanho e sem definição, que acabou sendo transformado num show", afirmou. O promotor disse que ainda tem dúvidas sobre quantas serão as qualificadoras dos dois homicídios. Suzane e os irmãos Cravinhos foram indiciados pelo duplo assassinato triplamente qualificado: motivo torpe (fútil), uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima e meio cruel. A última é a que o promotor ainda não definiu. "Meio cruel para a lei brasileira é aquele que provoca um atroz sofrimento, que é desnecessário para a concretização do ato criminoso", explicou Tardelli, utilizando como exemplos a tortura e o uso de fogo. Manfred e Marísia foram mortos enquanto dormiam, com pancadas de barras de ferro na cabeça dadas por Daniel e Christian. Por terem levado dinheiro e jóias da casa, os três responderão ainda pelo crime de furto. Christian será acusado por porte de maconha, que foi encontrada em sua casa. A pena, em caso de condenação, deve chegar a 30 anos (tempo máximo que uma pessoa permanece presa no Brasil) para cada um. A instrução do processo - interrogatório dos réus e depoimento de testemunhas - deve ser iniciada em 20 dias, mas o júri só deve ser realizado em 2004. O assassinato do casal Richthofen, no dia 31, foi planejado por Suzane e Daniel, cerca de dois meses antes. O namoro não tinha aprovação dos pais dela. O pedido de prisão preventiva para que respondam ao processo na prisão é, segundo o promotor, imprescindível. "Primeiro porque o crime é hediondo, e a prisão não tem nada de ilegal ou abusiva", disse. "Segundo, entendo que os acusados são as três pessoas mais odiadas da atualidade. Se forem soltos, ninguém poderá garantir sua segurança." Nesta segunda-feira, a casa da Rua Zacarias de Góis, no Campo Belo, zona sul, amanheceu pichada pela segunda vez. Desta vez, nenhum pedaço da fachada foi poupado. Nem a rua escapou dos vândalos. Na quarta-feira, quando o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) realizou a reconstituição do crime, Suzane, Daniel e Christian foram hostilizados e chegaram a ser agredidos por pessoas que se aglomeravam na porta da casa. Tardelli está estudando o inquérito desde quinta-feira. Até então, conhecia o caso por meio de jornais, programas de televisão e rádio. "O que aconteceu é uma tragédia, mas eu não vou assumir a postura de um vingador social", disse o promotor. "Não é a repercussão que determina uma maior gravidade social ao crime. O homicídio é maior causa de morte na periferia. E isso é muito mais grave." Tardelli rebateu afirmações feitas durante a investigação do caso que criam "rótulos perigosos". Suzane e Daniel assumiram que fumavam maconha. "Eles são usuários de maconha, que não é indutor de violência. Quem faz isso é o álcool", disse o promotor. "De tanto falarem, ela (Suzane) já é uma psicopata. E ai do perito que disser o contrário. E que ela também foi fria na confissão. Espera aí. Vamos medir temperatura na delegacia?" O promotor atacou ainda os especialistas de plantão. "Psicólogos, psiquiatras, juristas, religiosos e até técnicos de futebol buscaram avidamente os 15 minutos do sol da fama, se sentindo no direito de rotular essas três pessoas, que são, segundo a Constituição Federal, presumidamente inocentes. Uma garantia para eles, mas também para os 150 milhões de pessoas que moram neste país." Se a denúncia for recebida pelo juiz Alberto Anderson Filho, presidente do 1º Tribunal do Júri, Daniel e Christian serão transferidos para o Centro de Detenção Provisória do Belém. Suzane ficará no 89º DP. Acompanhe toda a história nos links abaixo. » 31/10: Casal é assassinado no Campo Belo » 1/11: Para vizinhos, casal era "simpático e reservado" » 2/11: Policiais investigam namorado e filha do casal » 4/11: Filha do casal depõe pela segunda vez » 5/11: Polícia volta à mansão do casal assassinado » 6/11: Para Polícia, casal foi assassinado por vingança » 7/11: Preso o irmão do namorado da filha » 8/11: Pedida prisão de suspeito de matar o casal » 8/11: A Polícia conclui: Suzane, a filha, tramou o assassinato » 8/11: Assassinos do casal têm prisão provisória decretada » 8/11: Polícia encontra material furtado da mansão do casal » 8/11: Suzane era meiga e quieta, dizem colegas » 8/11: Richthofen era homem-chave do Rodoanel » 8/11: Matam os pais e não mostram remorso » 8/11: Especialistas acreditam em "distúrbio mental" » 8/11: Casal queria mandar a filha para a Alemanha » 9/11: "Cheguei a pensar em desistir, mas já não tinha volta", disse Suzane » 10/11: ?Eu estava com raiva?, diz Suzane para presas » 10/11: Pena por morte de casal pode chegar a 50 anos » 10/11: Procurador diz que Andreas perdoa Suzane » 10/11: Polícia ainda procura armas do assassinato dos Richthofen » 11/11: Autores do crime não participarão da reconstituição, diz advogado » 11/11: Amor à moda antiga » 11/11: Promotor admite que Suzane ajudou a espancar os pais » 12/11: Um dos autores da morte de casal sofreu assalto » 12/11: Andreas deseja rever irmã o mais breve possível » 12/11: Família de Suzane vai acusar Daniel e Christian » 13/11: Reconstituição esclareceu "pontos obscuros » 13/11: Multidão agride Suzane, Daniel e Christian e os chama de "assassinos" » 13/11: Andreas reencontra irmã na reconstituição do crime

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