Mudanças para tirar 1ª CNH causa corrida a auto-escolas

Procura cresceu 50% nos últimos três meses, em comparação com 2007

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Por Renato Machado
Atualização:

Para fugir das regras que entram em vigor em 1º de janeiro e tornam mais difícil tirar a primeira carteira nacional de habilitação (CNH), milhares de candidatos iniciaram uma corrida contra o tempo e lotam as auto-escolas e as dependências do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). O Sindicato dos Centros de Formação de Condutores (CFCs) de São Paulo afirma que a procura cresceu 50% nos últimos três meses, em comparação com o mesmo período do ano passado. "É normal o aumento de demanda nos finais de ano. Mas desta vez foi muito maior e isso com certeza é conseqüência das novas regras", diz o presidente do sindicato, José Guedes. Ele acrescenta que a correria para tirar uma CNH em pouco tempo pode prejudicar a formação dos futuros motoristas. "As pessoas vêm aos CFCs para aprender a dirigir, mas isso está ficando de lado na pressa para tirar a carteira." Dados do Detran mostram que em outubro - mês do último levantamento - foram emitidas 19.113 novas CNHs, um aumento de 34% em relação ao mesmo período do ano passado - 14.286. Tradicionalmente, o tempo de demora para o agendamento do pré-cadastro não ultrapassa dez dias, mas está levando atualmente mais de um mês. Essa situação impede que pessoas que ainda não iniciaram o processo consigam tirar CNH a tempo. Todos os horários para realizar o pré-cadastro este mês foram preenchidos antes da metade de novembro. "Nem ia tirar a carteira agora e acho até que não vou usá-la por um bom tempo. Só vim para evitar pegar as novas regras depois", diz a policial militar Daiane Augusto, de 23 anos. Para evitar a correria do fim de ano, ela deu entrada na documentação em novembro e dia 19 voltou ao Detran para a prova teórica. Nathan Baroukh, de 18 anos, vai ganhar um carro dos pais por ter passado no vestibular. Além da pressa em tirar a carteira de habilitação para usufruir o presente, ele diz que apressou o processo para evitar uma maior carga horária de aulas teóricas, prevista na nova regra. "Também não queria ficar dois anos com a habilitação provisória, correndo o risco de perdê-la por qualquer erro." Já a cabeleireira Juliane de Oliveira, de 22 anos, optou por fazer o processo antes das novas regras, principalmente, por causa da elevada carga horária de aulas práticas e teóricas e pelo aumento nos preços. Ela gastou R$ 450, sem os exames médico e psicotécnico. "E disseram que depois pode chegar a R$ 700." MUDANÇAS A partir do dia 1º de janeiro, passa a valer a Resolução 285 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que mudou as regras para a emissão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). As principais mudanças são para a emissão da 1ª habilitação. O documento prevê que a carga horária de aulas teóricas passe de 30 para 45 horas. Além da legislação de trânsito, noções de primeiros socorros e direção defensiva, os candidatos terão aulas de noções de proteção ao meio ambiente e convívio social no trânsito. A carga horária das aulas práticas passa de 15 para 20 horas. Haverá aulas com ênfase em situação de risco, como ultrapassagem, obstáculos na pista, cruzamentos e curvas. Motociclistas terão curso teórico em via pública. Segundo estimativas das auto-escolas, os preços, que atualmente saem por aproximadamente R$ 100, devem ter acréscimo de até R$ 200.

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