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''Muita pressa nessa hora'', o lema de Dilma

Por Alberto Bombig
Atualização:

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva terminou suas gestões no Planalto exaltando o que chamava de "arte da negociação", aprendida nos tempos de sindicalismo. Basicamente, a técnica constituía-se em ser paciente e perseverante, na tentativa de vencer o adversário pelo cansaço.A julgar pelo primeiro mês da atual gestão de Dilma Rousseff, o estilo, também no quesito negociação, será "muita pressa nessa hora", bem menos tolerante. Assim foi com as centrais sindicais em torno do salário mínimo, ainda que o próprio Lula, conforme relatos colhidos pelo Estado, houvesse aconselhado sua sucessora e pupila a não levar a questão para o Congresso sem o apoio das entidades dos trabalhadores.Foi assim também com a escolha dos presidentes do Senado e da Câmara: Dilma preferiu a via institucional à negociação fragmentada, com grupos, subgrupos, tendências e facções dos partidos. A presidente se guiou sobretudo no acordo PT-PMDB, ainda que dia após dia ele mostre sinais de fragilidade ou de esgotamento.Conforme essa lógica, o Planalto preferiu negociar "por cima", como se diz no jargão político, sem perder muito tempo com as demandas p0ntuais e com os queixumes de deputados e senadores, sempre em busca de algo mais para suas "bases". O novo estilo palaciano também orientou as indicações nos cargos de segundo escalão, novela, ao que parece, próxima do desfecho, mas que prometia se arrastar um bocado.Na Era Lula, vale lembrar, a corda era esticada ao máximo, fosse na definição do mínimo, na escolha de um dirigente de estatal e até na demissão de um ministro. Para o bem ou para mal, o ex-presidente procurava dar voz a todos os atores envolvidos em cada negociação. Seus críticos o acusavam de indeciso, de tumultuar a gestão e de emperrar o andamento da máquina pública. Dilma, escorada no perfil "gestor", parece que não será alvo desses ataques.Porém, somente o tempo e as votações no Congresso, como a do mínimo, por exemplo, dirão se a pressa e a pouca paciência de Dilma em negociar serão sinônimo de eficiência.

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