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Mulher de carro: o alvo dos ladrões no Paraíso

Bandidos quebram vidro do veículo e roubam bolsa para trocar por droga

Por José Dacauaziliquá
Atualização:

A mulher sozinha ao volante de um carro de médio ou alto padrão passa à noite pela Rua Ramon Penharrubia, via paralela à Avenida 23 de Maio, utilizada principalmente para quem quer pegar a Avenida Paulista, no bairro do Paraíso, zona sul. O semáforo fecha e a obriga a parar. Um rapaz se aproxima e num só golpe estoura o vidro lateral, pega a bolsa dela sobre o banco do passageiro e corre. A cena se repete quase todos os dias na Praça Osvaldo Gogliano "Vadico", no cruzamento da Penharrubia com a Avenida Bernardino de Campos, perto do Metrô Paraíso. Pelo menos cinco boletins de ocorrências foram registrados entre os dias 15 e 21 deste mês no 36º Distrito Policial. Todos com o mesmo perfil de vítima e modo de atuação do bandido. Os criminosos aproveitam as características da região, como a pouca circulação de pedestres, a iluminação ruim e as praças do entorno, que facilitam a ação e fuga. Além do semáforo, que permanece dois minutos e 20 segundos fechado e 20 segundos aberto. Tempo suficiente para escolher e atacar a vítima, já que ação é muito rápida. Não chega a durar dez segundos. Segundo a polícia, o bandido que comete esse tipo de crime aborda sozinho a vítima. Mas há um ou mais comparsas que dão cobertura e estão prontos para receber a bolsa e revirá-la. Separam celular, dinheiro, tíquetes alimentação e outros objetos de valor, que possam ser trocados por droga. Por exemplo, óculos de marca. Depois, o comparsa joga o restante fora ou queima os documentos, cartões bancário e de crédito da vítima. Ele não tem o costume, de acordo com a polícia, de utilizar os documentos para aplicar golpes em estabelecimentos comerciais. O objetivo é encontrar dinheiro ou algo que " vire dinheiro vivo". Uma engenheira de 50 anos foi uma das últimas vítimas a registrarem queixa na delegacia do Paraíso. Às 19 horas do dia 17, ela dirigia seu Pajero TR4 quando o farol ficou vermelho. Logo após parar o carro, escutou a pancada no vidro. O ladrão enfiou a mão em meio aos estilhaços e pegou a bolsa. Policiais contaram que os bandidos usam vela de carro, pedra ou um pedaço de metal para arrebentar o vidro. E advertem: as pessoas se enganam ao pensar que estão protegidas pela película escura colocada nos vidros e por isso largam bolsas, carteiras e sacolas em cima dos bancos do veículo. Porque o ladrão "encosta a cara no vidro" e consegue ver através da proteção. Funcionários que trabalham nos postos de gasolina da Avenida Bernardino de Campos, em geral, são os primeiros a quem as vítimas recorrem para pedir ajuda. Já que há pouco policiamento na região. "Quase todo dia encosta um carro dirigido por uma mulher e com o vidro quebrado. Tem dias em que há quatro casos desse tipo", contou um frentista. A funcionária da loja de conveniência do posto lembrou de casos em que lhe pediram ajuda. Nem sempre as vítimas estão de carro. Há 10 dias, uma moça foi assaltada quando passava a pé em frente ao posto. A vítima falava ao celular, quando um rapaz se aproximou e exigiu que ela lhe entregasse o aparelho. A vítima relutou e o assaltante lhe deu um soco no rosto. "Coitada da moça, os óculos dela quebraram e um dos olhos ficou inchado. Ela entrou na loja apavorada e me pediu gelo", disse a balconista. O delegado-assistente do 36º DP, Valdecir Alves dos Reis, promete intensificar as rondas na região para combater esse tipo de crime. Segundo o porta-voz do Comando de Policiamento da Capital (CPC) da Polícia Militar, tenente Pedro Luís de Souza Lopes, os registros no entorno da estação Paraíso do Metrô caíram pela metade de 2006 para 2007. E tiveram uma ligeira alta este ano. "Estudamos a volta de uma base móvel da PM para evitar esse tipo de crime, aumentar efetivo de policiais na região e fazer parcerias com a Prefeitura", disse.

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