Mulher entra em coma após bronzeamento artifical no Rio

Estudante de 34 anos teve 98% do corpo queimado e permanece na UTI

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Por Agencia Estado
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A estudante Andréa Lindner, de 34 anos, está internada em coma na Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital Quinta D?Or, no Rio de Janeiro, com queimaduras em 98% do corpo. Segundo familiares, as lesões apareceram depois que ela passou por duas sessões de bronzeamento na Clínica de Estética Marly Machado, na Barra da Tijuca. Na tarde desta quarta-feira, 28, uma equipe a polícia interditou a câmara de bronzeamento artificial da clínica. O delegado Marcos Cipriani, que investiga o caso, explicou que a interdição é temporária, até que seja feita perícia no local. "A perícia vai constatar se houve alguma falha no equipamento e se a clínica cumpre todas as normas estabelecidas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária", explicou o delegado. Cipriano também cobrou documentos, como alvará e licença de funcionamento e o comprovante de que o operador foi treinado pelo fabricante do equipamento. Andréa está internada há 13 dias na UTI do Hospital Quinta D?Or, em São Cristóvão, e já passou por duas cirurgias. O estado de saúde dela é considerado gravíssimo. Internação O consultor de empresas Antônio Gadelha, 53 anos, casado com Andréa, contou que ela já costumava fazer bronzeamento artificial antes de se mudar de Porto Alegre para o Rio de Janeiro, há cinco anos. "A Andréa não gosta de praia. E Porto Alegre tem muito essa cultura, das pessoas se prepararem para o verão", comentou. Gadelha contou que tem o comprovante de que a mulher esteve duas vezes no centro estético, nos dias 14 e 15 de março - o que contraria norma da Anvisa. As sessões devem ter intervalo mínimo de 48 horas. "Na quinta-feira, depois da segunda sessão, ela voltou sentindo-se mal. Na sexta-feira, me ligou queixando-se de dores. Quando cheguei em casa, me assustei com o aspecto físico dela, que começou a inchar", contou. Uma ambulância foi chamada em casa e o médico determinou a internação. Ao chegar ao Hospital Quinta D´Or, em São Cristóvão, na madrugada de sábado, o corpo de Andréa estava coberto por bolhas, que indicam queimaduras de segundo grau. Apenas o couro cabeludo, palmas das mãos e plantas dos pés escaparam ilesas. "Foi horrível. Ela berrava de dor", contou Gadelha, emocionado. A estudante foi submetida a dois curativos cirúrgicos, feitos com anestesia geral. Ela está no Centro de Terapia Intensiva, respira por aparelhos e é mantida em coma induzido, para que possa suportar as dores. "Acredito que ela tenha capacidade grande de reagir. Solicito a todos pensamento positivo, para que ela possa se recuperar o mais rápido possível", afirmou. O casal tem um filho, de 3 anos. A esteticista Marly Machado não retornou as ligações do Estado. O advogado dela, Diogo Souza, informou que os registros da clínica indicam que Andréa só esteve no centro estético no dia 14. "Consultamos médicos especialistas e é praticamente impossível que ela tenha aparecido três dias depois do procedimento com o corpo queimado por causa do bronzeamento", afirmou. Souza informou que já solicitou à administração do Shopping BarraSquare, onde funciona a clínica, as fitas de segurança, que comprovariam que Andréa não esteve lá no dia 15. Clientes que passaram pela câmara de bronzeamento no dia 14 também foram procuradas. "Elas vão depor ao nosso favor". O presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia, seção Rio, Celso Sodré, lembrou que o bronzeamento artificial não é recomendado por dermatologistas. "É um benefício que não compensa o risco, como o de câncer de pele". Ele ressaltou que todo interessado em passar pelo procedimento deve antes consultar um médico. "Algumas doenças são desencadeadas pela exposição aos raios ultravioleta", afirmou. Segundo ele, as pessoas não devem ser submetidas a mais de uma sessão por semana. Sodré disse que casos como o de Andréa são raros. Matéria atualizada às 18h50

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