Mural da saia-justa

Quadro com perfis nada lisonjeiros de ministros de Dilma foi retirado de corredor do Planalto

A administração do Palácio do Planalto retirou da parede de um dos corredores do prédio anexo ao edifício em que a presidente Dilma Rousseff despacha um mural que expunha a política de apadrinhamentos políticos do governo.Numa operação "Ctrl C - Ctrl V", um distraído burocrata colou no mural perfis nada lisonjeiros para os 37 ministros escolhidos por Dilma. A maioria dos históricos de cada integrante do ministério incluía o nome de seu padrinho político. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, por exemplo, foi apresentado como homem que sempre deu "atenção à liderança política de José Sarney, que manteve o controle da seção maranhense da legenda (referindo-se ao então PFL) embora filiado ao PMDB", destaca o texto, retirado da Wikipédia. O site na internet foi a fonte dos demais perfis. O "mural da transparência", como foi chamado por alguns servidores do Planalto, foi elaborado numa sala da Coordenação de Relações Públicas do Planalto. Ao descrever o perfil do ministro de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco, o mural ressaltou que ele não era unanimidade no PMDB, mas teve um padrinho de peso. "A indicação deveu-se à sua proximidade com o vice-presidente eleito Michel Temer, apesar da reprovação de algumas alas do PMDB", dizia o perfil. Anna Maria Buarque de Hollanda, a nova ministra da Cultura, ganhou destaque, segundo o mural - e a Wikipédia -, especialmente pelos trabalhos burocráticos: "É uma cantora e compositora brasileira, mas que se notabilizou sobretudo por trabalhos burocráticos na Funarte." O mural também cita dados que o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, gostaria de esquecer. Em 2002, ele ficou em décimo lugar na disputa por uma cadeira no Senado pelo Rio. Quatro anos antes, como primeiro suplente ao Senado na chapa de Saturnino Braga, levou uma rasteira. "Saturnino prometeu dividir o mandato de oito anos com Lupi, o que não cumpriu", diz o mural.