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Museu que ocupará Casa das Retortas ganha ''ok''

Reforma do prédio construído em 1889 foi autorizada e obras do [br]Museu do Estado começam em setembro; local terá 4 mil m²

Por Vitor Hugo Brandalise
Atualização:

Em uma única viagem, o visitante terá visto, com grau de profundidade variável, um panorama de toda a história do Estado de São Paulo. Com projetos expositivo e arquitetônico definidos, o Museu de História do Estado de São Paulo - que ficará na Casa das Retortas, na frente do Parque D. Pedro II, no Brás, região central da capital - recebeu ontem autorização para início de obras, concedida pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo (Conpresp). As obras devem começar em setembro, com inauguração prevista para março de 2010. A proposta do novo museu é reunir, em 4 mil metros quadrados de exposições, uma história hoje contada aos pedaços, distribuída entre os diversos equipamentos culturais do Estado. "Nossa principal preocupação é com a autenticidade da história a ser apresentada. Queremos mostrar ao visitante algo real, para que ele se sinta dentro de um livro, multimídia, da história paulista", explicou a arquiteta Carla Almeida, gestora do projeto de implementação do novo museu. A viagem pela história do Estado começará no porão da Casa das Retortas - edifício construído em 1889 para produção de gás de carvão mineral -, onde ficam, conservados, os antigos fornos. Na subida até o térreo do edifício, será apresentada a São Paulo pré-Descobrimento do Brasil, com descrição detalhada dos povos indígenas que habitavam a região. A narrativa, contada em ordem cronológica, continua ao longo de rampas, que interligarão três mezaninos que dividirão a estrutura do prédio, de 40 metros de altura. "A subida da Serra do Mar, no século 16, as bandeiras do século 17, a cana-de-açúcar, café, ferrovias do século 18, a industrialização, revoluções, a urbanização dos séculos 19 e 20, tudo estará na exposição permanente, terminando com a virada entre os séculos 20 e 21", explicou o secretário de Estado da Cultura, João Sayad. Entre os mezaninos, haverá "ilhas" onde o visitante poderá aprofundar os assuntos, por meio de vídeos, maquetes e exposições multimídia. O passeio terminará num prédio anexo, de cerca de 2 mil metros quadrados, que será construído entre a Casa das Retortas e o pavilhão onde eram guardados os materiais da antiga fábrica de gás - que será preservado, destinado a exposições temporárias. Atrás dos prédios será construída uma praça que conservará os trilhos dos carrinhos de carvão. Nos três edifícios que circundarão a praça - o antigo refeitório, o escritório da administração e a casa de força - serão instalados livraria, restaurante e lojas de souvenirs. Em outro novo prédio, de cerca de 6 mil metros quadrados em forma de ferradura, será construído o Centro Paulista de Documentação, batizado de SPDoc, que reunirá parte do acervo do Arquivo Público do Estado - esta área deve ficar pronta em setembro de 2010. O projeto do complexo é do arquiteto Pedro Mendes da Rocha. A previsão é que o investimento total seja de cerca de R$ 70 milhões. A construção da passarela sobre a Rua da Figueira, que uniria o museu ao Espaço Catavento, ficou de fora do projeto. CASARÃO Na mesma reunião, o Conpresp abriu processo de tombamento de um casarão na esquina da Alameda Santos com a Rua Padre João Manoel, que pertenceu a descendentes do Barão e da Baronesa de Bocaina. O imóvel, de 1911, é um dos últimos em pé na região da Avenida Paulista, com estilo eclético. A iniciativa de tombar o imóvel foi da Associação Preserva São Paulo e da Sociedade dos Amigos e Moradores do Bairro de Cerqueira César, depois de os vizinhos descobrirem que o casarão seria demolido para dar lugar a um prédio. A família proprietária, contudo, alega que o imóvel não tem valor histórico ou arquitetônico. COLABOROU RODRIGO BRANCATELLI

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