Na <i>Cultura</i>, Alckmin fala de cortes, privatização e pesquisa

Ele criticou o governo Lula pela fórmula usada: aumento dos gastos correntes, alta carga tributária e juros elevados

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Por Agencia Estado
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Um bombardeio de perguntas sobre corte de gastos. Assim começou a entrevista do candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, no programa Roda Viva da TV Cultura. Insistentemente, os jornalistas questionaram em que áreas, especificamente, o candidato faria o corte de gastos. Alckmin disse que, com o crescimento da economia, seria possível melhorar as contas públicas e, por diversas vezes, destacou que estes cortes não aconteceriam em setores sociais. Ele criticou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da silva pela fórmula usada: aumento dos gastos correntes, alta carga tributária e juros elevados que, segundo ele, combinados impedem o crescimento do País. Olhando para a câmera, na tentativa de falar diretamente aos eleitores, o candidato usou frases de impacto sobre o assunto, como "governar é escolher" e "ajuste é qualidade do gasto público". O candidato tucano também teve que enfrentar perguntas sobre a sua posição sobre as privatizações. Ele deixou de lado a posição adotada durante vários dias da campanha e decidiu defender as privatizações que, de fato, precisam ser feitas. Ele citou o caso do sistema de telefonia: "antes você entrava em uma fila para ter telefone e pagava caro. Hoje há telefone fixo, celular, internet para quem quiser", disse, acrescentando que as privatizações trouxeram ainda emprego e investimentos. Inquirido pelos jornalistas, ele explicou sua primeira reação ao assunto das privatizações. "Eu reagi à mentira de que vou privatizar o Banco do Brasil e a Petrobras. É mentira. Não reagi ao assunto, mas à mentira". Durante vários dias da campanha do segundo turno, o candidato foi acusado pela candidatura adversária de que privatizaria várias empresas públicas. O candidato negou veementemente que faria isso e chegou a vestir uma camiseta e boné do Banco do Brasil. Pesquisas O candidato tucano atacou o resultado das últimas pesquisas que apontam uma ampla diferença entre ele e o candidato petista (chegou a 22 pontos). Insistentemente, Alckmin disse que os resultados não mostram realmente a intenção de voto dos eleitores, porque as consultas são feitas uma vez por semana. Segundo ele, as pesquisas do partido têm uma metodologia mais adequada, pois são realizadas diariamente. "Elas mostram uma intenção mais acertada do eleitor. Não tem 20 pontos de diferença. Nossa apuração mostra 8 pontos apenas". Mesmo com base em uma diferença menor, o candidato tucano não respondeu ao questionamento sobre quais os motivos que levariam a esta diferença e não atribuiu a sua queda à sua postura mais agressiva no primeiro debate do segundo turno, realizado pela TV Bandeirantes no dia 8 de outubro. Alckmin disse apenas que a "campanha esfriou", já que a corrida pelo segundo turno começou depois de 12 dias do primeiro turno das eleições. Ele negou que tenha mudado sua postura no segundo debate, realizado pelo SBT, em função disso. "Discutir ética é importante, mas eu voltei a discutir vários temas. O fato é que não podemos perder nossa capacidade de indignação." Apesar de não aceitar o resultado das pesquisas, ele destaca que elas funcionam como uma "cachoeira de água fria" para sua campanha. O tucano destacou que acredita na virada: "as grandes mudanças acontecem agora". Segurança e economia Alvo de críticas sobre a administração da segurança no governo do Estado de São Paulo, devido à atuação do PCC, Alckmin não chegou a detalhar um plano para o setor no âmbito federal, mas se defendeu na questão estadual. Ele destacou que todos os líderes da facção estão "atrás das grades" e que o Estado conta com prisões de segurança máxima. Alckmin aproveitou para atacar a Força Federal oferecida pelo governo Lula. "Isso não existe. Foi tudo discurso." Alckmin, contudo, não explicou porque os líderes do crime organizados, que estão detidos, continuam se comunicando com outros integrantes da facção que estão fora dos presídios. No âmbito econômico, o candidato tucano defendeu o déficit nominal zero, uma medida que traz equilíbrio para as contas públicas, mesmo após o pagamento dos juros da dívida. Mas avaliou que quatro anos é pouco tempo para que se obtenha este resultado. "Acredito que seja um período bom para, pelo menos, deixar essa relação mais equilibrada."

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