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Na tela do cinema, o paraíso da impunidade

Por Lauro Lisboa Garcia e SÃO PAULO
Atualização:

Desde o clássico Interlúdio (Notorious), que Alfred Hitchcock lançou em 1946, até nos recentes Inimigos Públicos, de Michael Mann, e Antes Que o Diabo Saiba Que Você Está Morto, de Sidney Lumet, o Brasil - mais especificamente o Rio - é apontado como a meta de fuga predileta dos criminosos internacionais. É um dentre os muitos clichês sobre o país da impunidade que frequentam o imaginário de Hollywood.Esses estereótipos foram tema do livro O Brasil dos Gringos: Imagens no Cinema (2000), do professor Tunico Amâncio. Baseado nele, a diretora Lucia Murat realizou, em 2005, o documentário Olhar Estrangeiro, no qual, entre outros tópicos, apontou mais de 40 filmes em que criminosos de toda espécie fogem para o Brasil.A realidade confirma a ficção: foi para cá que o inglês Ronald Biggs, assaltante do trem pagador que também virou filme, fugiu e virou celebridade. Foi aqui que o mafioso Tommaso Buscetta e o megatraficante Juan Carlos Abadía, entre outros, procuraram refúgio...O cinema de corte mais nobre reforça o estereótipo tratando a bandidagem com glamour. Em Interlúdio, o par romântico é interpretado por Cary Grant e Ingrid Bergman e os criminosos em questão são nazistas. Em O Mistério da Torre (1951), de Charles Crichton, o bandido é interpretado por Alec Guinness, que troca a vidinha de caixa de banco por uma vidona de marajá no Rio, após roubar uma fortuna. O Homem do Rio (1964), de Phillipe de Broca, tem Jean-Paul Belmondo e Françoise Dorléac como protagonistas, e bandidos em profusão na Cidade Maravilhosa. Em outro clássico de espionagem, 007 Contra o Foguete da Morte (1979), James Bond (Roger Moore) protagoniza até uma daquelas inacreditáveis sequências de luta da série, enfrentando inimigos do mal em pleno bondinho do Pão de Açúcar.Um Dia a Casa Cai (1986), de Richard Benjamin, e Sádica Perseguição (1994), de Mark Lester, são dois de outros títulos em que a Terra Brasilis surge como solução para foragidos da lei. Curiosamente, Alpha Dog (2006), baseado em fatos reais, poupa o Brasil ao cometer um erro histórico. No filme de Nick Cassavetes, o assassino Johnny Truelove (interpretado por Emile Hirsch) é preso no Paraguai, quando na verdade foi capturado em Saquarema, no litoral do Rio, em 2005.

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