Namorada confirma que professor furou bloqueio

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O depoimento de Rosângela da Silva, de 42 anos, namorada do professor de inglês Frederico Branco de Faria, 55, morto na madrugada de terça-feira, confirmou a versão do Exército de que ele furou o bloqueio montado pelos militares, na Rua Silva Vale, em Inhaúma, zona norte. Ela contou, à tarde, na 44.ª Delegacia Policial (Inhaúma), que Faria ouviu a ordem para parar, mas não obedeceu ?porque ficou com medo de ser uma falsa blitz?. Rosângela disse também que os disparos aconteceram quando o casal já havia passado da blitz, mas não soube identificar os autores. ?Não sei quem atirou porque não vi. Não olhei para trás. Mas eu só ouvi eles gritarem ?pára o carro, pára o carro??, disse Rosângela, que namorava Faria havia uma ano. Ela também confirmou a versão de dois policiais militares que faziam outra blitz numa rua próxima do local do crime. Eles disseram que o casal desviou do bloqueio da PM e entrou na rua onde estava a barreira do Exército. Rosângela informou ainda que, mesmo ferido, o professor andou alguns metros com o carro até bater em um poste. No choque, ela sofreu escoriações no braço esquerdo e em uma das pernas. Apesar de os PMs terem dito que as blitze estavam sendo atacadas a tiros por traficantes do Morro do Juramento, a namorada de Faria contou que não se lembra de ter ouvido disparos na região antes de furarem o bloqueio. Os dois iam para uma festa. PF As contradições entre as versões dos PMs e do Comando Militar do Leste (CML) levaram o procurador da República Artur Gueiros a pedir a instauração de dois procedimentos administrativos para investigar a morte do professor. Ele afirmou que crimes dolosos contra a vida praticados por militares federais são de competência da Justiça Federal e não da Justiça Militar. Um ofício foi enviado à superintendência regional da Polícia Federal (PF) para saber se um inquérito policial sobre o caso já foi aberto. Se a resposta for negativa, a Procuradoria da República no Rio de Janeiro solicitará ainstauração do inquérito. Até o início da noite, a PF não confirmou a adoção da medida. De acordo com Gueiros, há dois aspectos a serem investigados: a morte do professor em si e a suposta orientação recebida pelos militares para atirarem contra civis que furassem blitze. ?Se essa realmente for a orientação, me parece uma coisa temerária. Vivemos em Estado de Direito. Não tenho nada contra o Exército, mas me assusta essa política de atirar primeiro?, afirmou o procurador. A morte de Faria, informou Gueiros, deve ser investigada pela PF e a orientação dada aos soldados, pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.