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Namorada nega ter assassinado coronel Ubiratan

Depoimento da advogada durou mais de dez horas; enquanto conversava com delegados, a namorada de Ubiratan deu lista de inimigos dele

Por Agencia Estado
Atualização:

Em depoimento à Polícia, a advogada Carla Prinzivalli Cepollina, 39 anos, negou ter assassinado o namorado Ubiratan Guimarães, coronel da reserva que ficou conhecido nacionalmente depois de comandar ação da Polícia Militar no Carandiru, que resultou na morte de 111 detentos. O delegado Armando de Oliveira Costa Filho, que acompanhou o depoimento de Carla, após as declarações da advogada, se negou a comentar as investigações e disse apenas que ela depôs na condição de "testemunha". O promotor Carlos Roberto Marangone Talarico disse que a advogada "deu detalhes reveladores para a investigação", mas também se negou a comentar que tipo de detalhes ela teria fornecido durante o depoimento. O depoimento, que começou logo na manhã desta terça-feira, terminou por volta de meia-noite. De acordo com o apurado pela reportagem, o nome de dez supostos inimigos do coronel da reserva e deputado estadual Ubiratan Guimarães, que teriam interesse em sua morte. Na relação está o nome de um coronel identificado apenas por Gérson, que seria chefe de seu comitê eleitoral. Delegada federal entra na história Em seus últimos dias de vida, o coronel da reserva e deputado estadual Ubiratan Guimarães, 63 anos, assassinado no sábado à noite, enviou entre dez e 15 mensagens carinhosas para uma mulher chamada Renata. O nome dela também aparece entre as seis ligações não atendidas no celular de Ubiratan no dia do crime. Já se sabe que a Renata dos torpedos é a delegada federal Renata Azevedo dos Santos Madi, e que foi ela o pivô da discussão entre o casal que antecedeu o crime. Natural de Bauru, a delegada está trabalhando na Polícia Federal de Belém do Pará. ?Oi menina, onde está você? Um beijo?; ?Te amo?; ?Estou com saudades?, são alguns dos dizeres dos últimos torpedos trocados entre Ubiratan a Renata. Antecedem a essa, outras mensagens que revelam o interesse e a preocupação do coronel com a destinatária. E, pelos registros do celular, a recíproca era verdadeira. Pouco antes do crime, Renata enviou para o deputado uma última mensagem: ?Tô chegando. Já ligo?. Peritos do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) que examinaram o aparelho telefônico afirmam que as mensagens trocadas são típicas de casal em início de relacionamento. ?Existe muito carinho nas palavras?, afirmou um deles. Segundo parlamentares, Ubiratan estaria tendo um relacionamento à distância com a delegada. Os dois se encontravam quando ela estava em São Paulo ou em uma cidade intermediária. Já os torpedos enviados à namorada Carla Prinzivalli Cepollina eram secos e isentos de expressões de sentimento. ?Te ligo mais tarde.? ?A gente se fala quando eu chegar em casa?, são alguns exemplos das mensagens trocadas entre o casal. Os torpedos endereçados a Carla confirmam a tese dos familiares de Ubiratan. Anteontem, alguns deles disseram ao Portal Estadão.com.br que Carla era somente uma ?ex-namorada? e que o coronel já teria iniciado um novo relacionamento. O celular usado por Renata é de São Paulo. O DHPP deverá intimá-la para prestar depoimento nas próximas horas. É possível também que o departamento peça ajuda à Polícia Federal para colher o depoimento dela sobre os telefonemas que antecederam a morte do parlamentar. Uma pista na secretária O perito Ricardo da Silva Salada informou que o celular de Ubiratan tem cerca de 50 mensagens enviadas e recebidas entre os dias 20 de agosto até o dia 9 , data de sua morte. A perícia analisa ainda três mensagens deixadas na secretária eletrônica do telefone fixo da vítima. Uma delas chama a atenção e, segundo os peritos, pode ser decisiva para esclarecer o crime. Um homem tece comentários sobre a vítima. A polícia depende da quebra do sigilo telefônico para chegar ao interlocutor da mensagem. Eles vão querer esclarecimento do conteúdo e identificar o tipo de relação que o interlocutor tinha com o casal.

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