´Não culpem a mim´, diz Evo Morales sobre o tráfico no Rio

Presidente da Bolívia, que também é cocaleiro, é crítico ferrenho das políticas estrangeiras de erradicação da folha de coca - matéria-prima da cocaína

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Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente boliviano, Evo Morales, disse na sexta-feira que fazendeiros de coca não são traficantes de cocaína e que os países ricos devem combater a demanda pela droga, baseada na folha de coca, ao invés de desativar fazendas. "Eu sou fazendeiro de folha de coca e eles sempre me acusaram de ser um traficante de droga, mas folhas de coca não viciam", disse Morales durante a cúpula de líderes sul-americanos realizada no Rio de Janeiro. A cocaína refinada de plantas de coca plantadas em nações andinas como a Bolívia e a Colômbia ajuda a abastecer uma guerra de drogas entre gangues nas favelas do Rio, uma das cidades mais violentas do mundo. A Bolívia é uma das maiores produtoras de coca do mundo. "O problema da cocaína em meu país foi importado de outro lugar", disse Morales quando questionado sobre o que seu governo estava fazendo para evitar que a cocaína chegasse às ruas de cidades como o Rio. "Claro, reconhecemos que existe um problema com drogas, se pessoas estão usando coca para fazer cocaína é porque há mercado para isso", consentiu. "Não deve haver apenas políticas de cocaína zero, deve haver também demanda zero, e políticas de mercado zero." Os bolivianos freqüentemente mastigam folhas de coca ou as usam para fazer chá. Morales disse que a coca é parte da vida indígena, com uma série de nutrientes e qualidades médicas. "Você deveria falar com alguns países desenvolvidos e industrializados sobre erradicar este mal", afirmou. Morales constantemente critica a erradicação de plantações de coca financiada pelos EUA na América do Sul.

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