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'Não é uma questão de vingança, mas justiça'

Jorge Damus Filho, pai de estudante morto por jovem de 17 anos, está engajado na luta pela redução da maioridade penal

Por Paula Felix
Atualização:

Em 27 de setembro de 1999, o estudante Rodrigo Damus, de 20 anos, foi morto a tiros por um jovem de 17. O adolescente chegaria à maioridade três dias depois e ficou apreendido por 1 ano e 8 meses. Há 15 anos, o pai da vítima, o administrador de empresas Jorge Damus Filho, de 60 anos, começou a se engajar na luta pela redução da maioridade penal. Abaixo, o depoimento dele:

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“Eu perdi um filho no 2.º ano da faculdade. Abordaram no semáforo e atiraram nele para roubar o carro e vender em desmanche. Quem matou foi um menor e faltavam três dias para completar 18 anos. Era o chefe da quadrilha, porque era o mais perverso.

Depois que aconteceu isso com o Rodrigo, tinha duas alternativas: poderia me trancar em um quarto escuro e chorar a vida inteira ou arregaçar as mangas para ter menos impunidade, que é o que acaba alavancando os crimes. É impunidade para menor e para maior de idade. Comecei a me engajar em campanhas de redução da maioridade penal.

Acompanho o caso de perto, não é uma questão de vingança, mas de justiça. Um crime cometido por um menor ou por um maior causa o mesmo dano à sociedade. É a mesma dor e o mesmo trauma, são os mesmos tratamentos psiquiátricos. Por que penas diferentes para crimes iguais? A injustiça me atormenta muito.

O assassino do Rodrigo, tinha cinco refeições na Fundação Casa, (apoio de) Direitos Humanos. A mãe dele esteve com ele no Natal. Para mim e para minha mulher, restou levar flores à prisão perpétua na que meu filho foi condenado. Esse tipo de dor não tem cura.”

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