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''Não gosto de ser ''a elegante'''', diz Costanza

Aos 69 anos, a empresária e consultora lança amanhã o 3.º livro

Por Edison Veiga
Atualização:

Não há quem tenha ouvido falar em Costanza Pascolato que rapidamente não a associe a elegância. A instantânea ligação semântica tem motivos: Costanza se tornou conhecida pelas dicas de moda, pela refinada etiqueta e pelo estilo - bem, é inevitável - elegante. "Eu sou elegante. O que significa isso? Não é uma profissão, nem nada. E a imprensa carimba: ?a elegante Costanza?", desabafou ao Estado, na última quinta, em entrevista para divulgar seu terceiro livro - Confidencial (Editora Jaboticaba, 240 págs., R$ 45), que será lançado amanhã e mistura um pouco de memórias com dicas de moda, beleza e bem-viver. "Não gosto de ser ?a elegante?. Isso já me fez sentir em crise de identidade." A declaração não busca renegar o atributo que lhe deu notoriedade. Mas, sim, lembrar que ela, aos 69 anos, em plena forma - 52 quilos, 1,61 metro de altura -, se mantém na ativa. "Eu sempre dei um duro danado", frisa. "Sou consultora de moda e empresária." E com uma rotina rígida. Levanta-se regularmente às 6 horas e todos os dias - após tomar 1,5 litro de água, se arrumar (em um ritual que leva duas horas) e fazer pilates - trabalha na empresa têxtil da família, a Santaconstancia, que dirige desde o fim dos anos 80. No trajeto de seu apartamento, em Higienópolis, para a fábrica, no Parque Novo Mundo, dá graças por terem inventado o celular. "Vou trabalhando pelo telefone. Hoje tem até internet por celular. Estou adorando." Nascida em Siena, na Itália, Costanza Maria Teresa Ida Clotilde Pallavicini Pascolato veio com os pais, Michele e Gabriella, para o Brasil aos 6 anos. Os flashes e as colunas sociais sempre a perseguiram. "Eu era criança e fui pular o carnaval em Santos. Minha foto saiu na primeira página do jornal", lembra. "Por isso digo que essa notoriedade sempre me acompanhou." Mais mocinha, aluna do Colégio Dante Alighieri - "Não gostava de escola, era um fracasso" -, seu pai ficava sabendo que ela havia cabulado aula pelas colunas sociais. "Uma vez saiu que eu estava na piscina do (clube) Harmonia, quando tinha de estar na escola", conta. Se o estudo formal não a agradava, isso não atrapalhou sua paixão pelos livros. "Tinha uma governanta que uma vez por semana ia fazer compras. Eu sempre encomendava um livro", diz. Adolescente, já lia Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), Arthur Rimbaud (1854-1891) e Jean-Paul Sartre (1905-1980). "Eu achava o máximo, mas não entendia nada", ri. Terminado o colégio, não fez faculdade. "Eu tinha uma pretensão intelectual, mas sou uma ignorante", repete, com lampejos de modéstia. "Mas sempre fui interessada em arte. Meu pai me mostrava os concertos (musicais) modernos russos desde quando eu tinha 5 anos", exemplifica. No final da década de 50, se tornou amiga e assistente de artistas como Clóvis Graciano (1907-1988). "Eu pintei mural com ele", orgulha-se. Também gostava de esportes. Jogava tênis, andava a cavalo e nadava. "Aos 15 anos, fui campeã sul-americana de salto ornamental, em Mar del Plata (na Argentina)." Em 1962 veio o primeiro de três casamentos. Com o banqueiro Robert Blocker, brasileiro filho de americanos, teve as duas filhas, Consuelo e Alessandra. Separou-se dez anos depois. "Fui meio deserdada (pela família)", afirma. "Naquela época, era escândalo isso de separação, eu me sentia uma idiota." Com isso, veio a necessidade de trabalhar. "Estava completamente na pendura e tive de me virar. Fiquei procurando emprego e acabei na Editora Abril, como produtora da revista Claudia", relata. "Eles me achavam uma dondoca." Costanza ia trabalhar dirigindo um estiloso fusca laranja. É dessa época o enlace com o segundo marido, o marquês italiano Giulio della Volta, com quem viveu até a morte dele, por enfarte, em 1990. Mas nem tudo foi perfeito nesse período. Em 1986, Costanza entrou em depressão profunda. "Um mergulho no inferno", define. Engordou - segundo ela, em decorrência dos remédios - e acabou frequentando o grupo Vigilantes do Peso. A alimentação saudável, aliás, é algo que a preocupa. "Nunca quis ser gorda", explica. "Adoro comida, mas prefiro passar fome a comer algo que não seja bom." Por isso, leva marmita para o trabalho, preparada por uma cozinheira particular. "Não é esnobismo. Mas desta forma eu sei até o tipo de azeite que foi usado." Dois anos depois do trauma da viuvez, novo drama: um câncer de mama. "A gente fica fraca, tive de operar, essas coisas", resume. Em 1995, a passeio com a família na fazenda do primeiro marido, no Texas, Estados Unidos, mais um susto. "Caí do cavalo e fraturei uma vértebra." Seu último casamento - com o produtor musical, escritor, compositor e jornalista Nelson Motta - durou seis anos e acabou em 2001. Culminando em outro baque. "Foi duro. Comecei a passar mal, caía o cabelo, essas coisas", conta ela, que acabou diagnosticada com uma síndrome. "Meus olhos saltavam. Acabei me curando com homeopatia e meditação." Depois disso, raramente é vista sem óculos escuros. Há 20 anos, as mulheres da família Pascolato têm um compromisso aos sábados: almoço com a matriarca, Gabriella, de 92 anos. Cada semana em um restaurante. Outro prazer de Costanza é papear com as amigas. "Superamizades, da infância", diz. "Penso que, se eu tivesse conseguido um marido para a vida toda, sentiria o mesmo com ele. É preciso crescer juntos, viver juntos, enfrentar coisas juntos. Ter duas histórias em conjunto."

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