''Não se pode impor quarentena eterna'', afirma Pimentel

Ministro explica que empresa ''praticamente está inativa'' e que não pensa em alterar objeto social da consultoria

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Por Eduardo Kattah
Atualização:

BELO HORIZONTE O ministro Fernando Pimentel afirmou ontem que sua empresa de consultoria, a P21, está "praticamente inativa" e que não há conflito de interesse em mantê-la enquanto comanda o ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, pois não há contratos no momento."Obviamente que eu não acho errado. Isso é uma atividade normal, uma atividade empresarial como outra qualquer. Nós não podemos vedar às pessoas (o direito) de ganhar a vida no momento em que elas saem da vida pública e vão para a vida privada, senão você teria que impor uma quarentena eterna aos ex-ministros", argumentou. Pimentel disse que não pretende alterar o objeto social da P21 - Consultoria e Projetos Ltda., com sede em Belo Horizonte. "Não há motivo para isso, ela não tem contrato com ninguém", disse o ministro, que participou, em Ipatinga, da inauguração da segunda linha de galvanização da Unigal Usiminas.O ministro é dono de 99% da P21 e seu ex-assessor na prefeitura de BH, Otílio Prado, detém 1%. Em dezembro do ano passado houve uma alteração no contrato e Prado assumiu a gestão da empresa. As participações e o objeto social foram mantidos."Ela está ativa, mas eu estou fora da administração dela. E ela não tem mais contrato, então praticamente está inativa. Ela só não está totalmente inativa porque ainda paga as contribuições do INSS para mim e para o sócio", explicou Pimentel. O ministro disse que garantiu seu sustento e o de sua família no período em que deixou a prefeitura da capital mineira até assumir o ministério graças às atividades de consultoria. Questionado sobre o rendimento da P21 nesse período, Pimentel desconversou. "Foi um rendimento compatível com a atividade dela, não foi nada extraordinário." O ministro enfatizou que a existência da consultoria foi comunicada à Comissão de Ética Pública e tratou a consultoria como um negócio encerrado. "Eu não tenho, eu tinha uma empresa de consultoria que deu sustento a mim e á minha família nos dois anos de intervalo entre a minha saída da prefeitura e o momento em que eu assumi o ministério", destacou. "Uma atividade perfeitamente legal. Nesses dois anos eu era um cidadão comum, toda a minha prestação de contas foi aprovada, a declaração de rendas é feita normalmente e a comissão de ética do serviço público tem conhecimento disso, não vejo problema nenhum."A P21 funciona em um luxuoso prédio no bairro de Lourdes, uma das áreas mais valorizadas da capital mineira. No local, porém, nada indica a existência da empresa. O Estado tentou visitar ontem a sede da empresa, mas, ao ser informada pelo porteiro, a secretária não autorizou a entrada. Ela se identificou como Késia e disse que entraria em contato com o sócio de Pimentel, Otílio Prado. Ele não retornou até o fechamento da edição. /COLABOROU MARCELO PORTELA

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