19 de fevereiro de 2011 | 00h38
"Não se trancam portas em política", afirma Marta, sem pestanejar. "Só faz isso quem é mentiroso, quem não pretende cumprir a promessa."
Psicóloga conhecida por dizer tudo o que pensa "na lata", a senadora também tem a mesma resposta na ponta da língua quando questionada se o governo paulista está no seu horizonte, na eleição de 2014. Nem mesmo os movimentos do prefeito Gilberto Kassab (DEM), que negocia sua ida para o PSB, de olho no Palácio dos Bandeirantes, fazem Marta especular sobre uma possível candidatura pelo PT. "Só se eu fosse vidente para saber", desconversa. Mas, em relação à disputa presidencial de 2014, ela arrisca previsão. "É Dilma, não tem nenhuma dúvida", diz, numa referência a Dilma Rousseff.
O projeto de lei contra a homofobia já tem as assinaturas suficientes. É possível aprová-lo?
O projeto contra a homofobia está maduro para ser votado. Essa agressão que ocorreu na Avenida Paulista deixou as pessoas muito indignadas.
Como a sra. avalia a forma como o tema aborto foi tratado na campanha da então candidata Dilma Rousseff?
A manipulação eleitoral da questão foi extremamente nociva para as duas candidaturas (Dilma Rousseff e José Serra), um retrocesso. A discussão não levou a nada. Foi ruim para os dois candidatos, um desastre.
Só que, em 2007, Dilma chegou a defender a descriminalização do aborto...
A Dilma foi até o limite de onde poderia ir, sendo do PT.
Como contornar a oposição da Igreja Católica e dos evangélicos em relação a esse tema?
Vamos ter conversas, mas esse tema tem de avançar. Nós não somos o Afeganistão.
Mas na sua campanha à prefeitura, em 2008, um programa de TV causou polêmica ao perguntar o estado civil do prefeito Gilberto Kassab e se ele tinha filhos. Em eleição vale tudo?
Foi um erro crasso do João Santana (publicitário da campanha), que assumiu. Quando vi aquilo, falei: "Vocês ficaram loucos?" Passei dois dias chorando.
A sra. é a favor da descriminalização das drogas?
Eu tinha muitas certezas nessa área, mas hoje tenho muitas indagações. Tenho preocupação com a maconha.
A sra. fez um acordo com Aloizio Mercadante, hoje ministro, pelo qual ele seria candidato à Prefeitura de São Paulo, em 2012, em troca de não disputar a reeleição ao Senado?
Não foi feito nenhum acordo.
Então a sra. pode concorrer à prefeitura?
Estou bem aqui e não tenho intenção nessa disputa, mas não se faz acordo com tanta antecedência. Não se trancam portas em política. Só faz isso quem é mentiroso e não pretende cumprir a promessa.
Quem é o seu candidato ao governo paulista, em 2014? Marta Suplicy?
Com tanta antecedência, só se eu fosse vidente para saber.
E qual sua aposta para a Presidência, também em 2014: Dilma ou Lula?
É Dilma. Não tem dúvida.
A separação do senador Eduardo Suplicy teve algum impacto na sua vida política?
Pode ter tido algum, mais do que apareceu nas pesquisas.
E hoje, como é o seu relacionamento com ele?
É bom, é ótimo. Temos três filhos e cinco netos.
Mas outro dia a sra. cortou o som do microfone dele...
Estou tentando ser equânime, gentil, mas também permitir a mais senadores a palavra.
A sra. também corrigiu o senador Sarney e disse a ele que Dilma deveria ser chamada de "presidenta". O seu estilo mandona é semelhante ao dela?
Ai, meu Deus! (risos). Eu me penitencio pelo que fiz. Queria ter falado do simbolismo de Dilma ter escolhido a letra "a" para presidente, mas deveria ter dito isso pessoalmente.
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