´Não vou deixar de cooperar com Lula´, diz Serra

Ele garantiu que o PSDB não será adepto do "quanto pior, melhor"

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Por Agencia Estado
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O governador eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), acenou nesta terça-feira com a possibilidade de manter um bom relacionamento com o presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e garantiu que o PSDB não será adepto do "quanto pior, melhor". Na contramão dos opositores mais ferrenhos, Serra declarou, em entrevista coletiva, que irá cooperar administrativamente com Lula e com o País. "A minha relação com o presidente Lula será a melhor possível. Eu vou ser um sincero cooperador desta aliança institucional." Serra disse não acreditar que Lula vá fazer uma administração contra o Estado de São Paulo. E informou que telefonou nesta terça para o presidente Lula, desejando-lhe sucesso neste segundo mandato. "Desejei-lhe boa sorte neste segundo mandato, porque a boa sorte para ele significa boa sorte também para o povo brasileiro." Apesar de acenar com uma relação cordial com o governo federal, o governador eleito paulista criticou as baixas taxas de crescimento e os elevados índices de desemprego que ainda prevalecem no Brasil. E destacou: "Ninguém deve tolerar estagnação econômica, por timidez e mesmo por covardia." E reiterou que a tarefa é tirar o Brasil da armadilha que inibe a produção, fecha fábricas, reduz empregos e desqualifica o mercado de trabalho. "O baixo crescimento não faz a boa redistribuição de renda: ele redistribui apenas a pobreza." Serra disse que fará um governo popular em São Paulo, voltado ao desenvolvimento e aos setores mais necessitados. "Mas também com responsabilidade fiscal e disposição para enfrentar, dentro da lei, os interesses que se oponham e esses objetivos." Prioridades Ainda sobre o governo de São Paulo, Serra falou que terá como uma das prioridades a segurança pública. "Os delinqüentes e os bandidos do crime organizado sofrerão quatro anos de duro combate e de aplicação rigorosa das leis", avisou. Outra prioridade, segundo ele, será a área da Saúde, com atenção especial para as Santas Casas e os hospitais filantrópicos. O tucano evitou falar sobre seus planos para 2010. Disse apenas que as próximas eleições gerais ainda estão muito longe e que ele está focado integralmente na administração do governo de São Paulo. Apesar disso, afirmou que é favorável ao desenvolvimento, reconhecendo que faz parte da ala desenvolvimentista. "Não há incompatibilidade em pregar o desenvolvimento e controlar a inflação." E ironizou: "Desenvolvimentista virou um insulto e desenvolvimento virou palavrão." Para ele, uma das questões vitais e urgentes para o futuro do Brasil "é desmontar a armadilha anticrescimento". Ao falar da reforma tributária, que o governo federal quer discutir com os governadores eleitos e reeleitos, Serra disse que é Ph.D. no assunto, até mesmo porque foi relator desta matéria na Constituinte de 1988. Mas ressaltou que, apesar da experiência que tem sobre o tema, este é um assunto complexo e o ponto de partida deve ser do governo federal. "O governo federal deve apresentar sua proposta e aí poderemos discutir o assunto."

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