Nas esquinas de SP, bolo, tapioca e leite

Barracas de café da manhã são boa alternativa na hora da pressa

PUBLICIDADE

Por Mônica Cardoso
Atualização:

Não são nem 6 horas da manhã e a Avenida Paulista ainda está escura. É quando Nonata Vieira, de 33 anos, monta sua barraquinha ao lado da Estação Consolação do Metrô. Sobre o tabuleiro, estão sanduíches e bolos de cenoura, de chocolate e de mandioca preparados pela própria Nonata. E três garrafas térmicas: com café, leite e chocolate quente. Mas são as tapiocas que fazem sucesso. De manteiga, queijo ou coco com leite condensado, elas são preparadas na hora, servidas quentinhas. "Na minha terra, o Ceará, a gente chama de beiju", diz, enquanto prepara uma tapioca. Ela calcula que umas 150 pessoas passam pela barraca até as 9 horas. Nonata conhece bem os fregueses. "É uma tapioca de queijo, né?"Apressada, a assistente de contas Gisele dos Santos, de 30 anos, prefere levar a guloseima para o trabalho. Moradora de Santo André, acorda antes das 5 para chegar ao trabalho às 7 horas. "Não tenho tempo de tomar café. E a tapioca dela é caprichada." Cada vez mais paulistanos fazem seu desjejum nessas bancas, perto do metrô ou pontos de ônibus. Três barracas competem nos dois lados da Rua Oscar Freire quase no cruzamento com a Avenida Rebouças. O ponto foi escolhido por Geraldo Lourenço, de 44 anos, que há 20 vende café da manhã. Em tempos de crise, é uma forma barata de se alimentar. Por R$ 1 é possível comprar uma fatia de bolo e por R$ 1,50, uma tapioca. Bebidas quentes custam R$ 0,50 no copo pequeno e R$ 1 no grande. Às 8 horas, o diretor comercial Arylton Kaeda Bulara, de 31 anos, já foi à academia no Itaim-Bibi e segue para a Barra Funda. Antes de pegar o ônibus, para na barraca da Avenida Gabriel Monteiro da Silva. "Quando não venho aqui, passo em outra, no Memorial da América Latina. Muitas vezes não dá tempo de comer na padaria. Aqui você pede, come e vai embora." A barraca de Marina Ramos, de 40 anos, é concorrida. Mineira, ela prepara pães de queijo, broa de milho, queijadinha, rocambole e bolos. Mas é o bolo de mandioca puba, cuja última fatia reina sozinha na travessa, o preferido dos clientes. Pudera. A guloseima, que vem da Bahia, é feita com uma massa de mandioca deixada de molho por uma semana até fermentar. Nesses seis anos de trabalho, Marina adotou novo "fuso". Chega às 4 horas e jura que alguns clientes já estão à espera. Às 9 horas, sai dali, vai ao mercado, compra os ingredientes e prepara os quitutes à tarde. O marido, que trabalha em outra barraca, na Avenida Paulista, fica encarregado de fazer café, leite e chocolate quente. Para chegar aos Jardins, eles saem às 3 horas de Itaquera, zona leste. Enquanto trabalha, Marina fica atenta. Ela já perdeu a conta das vezes em que fiscais da Prefeitura levaram seu material. "Em janeiro, vieram duas vezes na mesma semana. Numa terça-feira, levaram bolo, garrafas, tabuleiro, tudo. Fiquei desanimada, mas fui comprar as mercadorias e cozinhei a tarde inteira. Tornei a vir e, na quinta, os mesmos fiscais levaram tudo de novo."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.