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Nas redes sociais, usuários organizam boicotes e protestos contra Carrefour

Internautas também organizam protestos em frente a unidades da companhia nesta sexta-feira, no Dia da Consciência Negra

Foto do author Circe Bonatelli
Foto do author Fabiana Cambricoli
Por Circe Bonatelli (Broadcast), Fabiana Cambricoli e Dida Sampaio
Atualização:

A morte de um homem negro espancado por dois homens brancos - um segurança, da empresa Vector, e um policial militar - em uma unidade do Carrefour em Porto Alegre (RS) enfureceu cidadãos nas redes sociais, que passaram a defender boicote à rede varejista e organizar protestos em frente a unidades da companhia nesta sexta-feira, 20, Dia da Consciência Negra.

Os usuários do Twitter rechaçaram a nota oficial do Carrefour Brasil com explicações sobre as medidas tomadas após o ocorrido. Até o começo da tarde, havia cerca de 3,5 mil comentários com xingamentos e acusações pelo novo episódio de violência nas imediações da companhia.

Vídeo compartilhado nas redes sociais mostra agressões a homem negro no estacionamento do Carrefour Foto: Twitter/Reprodução

As manifestações de revolta partiram de perfis variados nas redes sociais. O ator e comediante Leandro Ramos (do grupo Choque de Cultura) sugeriu um boicote ao Carrefour, numa postagem com 10 mil curtidas na rede social. "Então, como é que a gente vai fazer pra organizar um boicote sério ao Carrefour?", escreveu Ramos.

O fundador da MRV, maior construtora residencial do País, Rubens Menin, também condenou o ocorrido, porém sem citar nomes. "Deprimente caso da morte de homem negro por seguranças no supermercado do RS, exatamente no dia da consciência negra. Até quando???", postou o empresário.

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O perfil Favelado Investidor, do jovem Murilo Duarte, que também é bastante conhecido na comunidade do fintwit, fez postagem com xingamento à rede varejista e teve mais de 2 mil curtidas.

O ex-juiz e ministro da Justiça, Sergio Moro, lamentou que em pleno Dia da Consciência Negra, o destaque do noticiário é o espancamento e morte de um cidadão negro em um supermercado. "A violência racial não pode mais ser tolerada. Que os assassinos sejam punidos com rigor. Minha solidariedade aos familiares e amigos", postou Moro.

A crescente repercussão negativa nas redes sociais pode vir a impactar o desempenho no Carrefour no Brasil, faltando uma semana para a Black Friday, uma das datas de maior movimento para o varejo nacional.

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Protestos são organizados em todo o País

No fim da manhã, representantes de movimentos sociais e vereadores negros eleitos para a Câmara Municipal de Porto Alegre se reuniram para uma manifestação em frente à unidade do Carrefour onde o caso de violência aconteceu. A candidata do PCdoB que está no segundo turno da corrida eleitoral na capital gaúcha, Manuela D'Ávila, se manifestou dizendo que não é possível se calar diante do racismo e apoiou o protesto que cobrava responsabilização do Carrefour e prestava solidariedade à família da vítima.

Protesto em Carrefour de Brasília pedia 'justiça para Beto',em referência a João Alberto Silveira Freitas, agredido até a morte em Porto Alegre. Foto: Gabriela Biló/Estadão

Nas redes sociais, internautas se mobilizam para realizar um protesto popular em frente ao Carrefour onde ocorreu o assassinato, no bairro Passo d'Areia, na zona norte da capital gaúcha, às 18 horas.

Em Brasília, um grupo de manifestantes também protestou em uma unidade do Carrefour na Asa Sul da capital federal. Cerca de 50 pessoas fizeram um ato no estacionamento em frente ao supermercado, localizado na quadra 402. Em seguida, percorreram os corredores internos do supermercado com cartazes e gritando palavras de ordem como "não consigo respirar" e "fascistas, não passarão".

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O grupo também pedia "Justiça para Beto", em referência a João Alberto Silveira Freitas, agredido até a morte em Porto Alegre. "Não faça compra no Carrefour. Você pode morrer", dizia um dos cartazes carregados pelo grupo. Em Brasília, não houve resistência dos seguranças do supermercado contra os manifestantes.

Segundo participantes, o protesto havia começado um pouco antes, em frente à sede Fundação Palmares, que fica próxima do supermercado. Os manifestantes criticam a decisão do atual presidente do órgão, Sérgio Camargo, de não celebrar o Dia Da Consciência Negra, e de retirar diversos nomes da lista de personalidades negras do País. O grupo levava cartazes com as fotos de alguns deles, como o do abolicionista do século 19 Luiz Gama, da cantora Elza Soares e da sambista e deputada estadual Leci Brandão (PCdoB-RJ).

Em São Paulo, um ato convocado também pelas redes sociais está programado para as 16 horas. A previsão dos manifestantes é se encontrar em frente ao Masp, na Avenida Paulista, e seguir em marcha até o Carrefour da Avenida Brigadeiro Luís Antônio.

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No Rio, os manifestantes pretendem também se encontrar às 16 horas, em frente a uma unidade do Carrefour na Avenida das Américas, na Barra da Tijuca, zona norte da cidade.