Navio brasileiro que encalhou na Argentina atraca em Santos

Na quinta-feira, transatlântico ficou encalhado no Rio da Prata durante 20 horas

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O navio Sky Wonder, fretado pela operadora de turismo brasileira CVC, atracou por volta das 11h30 deste domingo no Porto de Santos, duas horas depois do previsto. Para garantir o desembarque em Santos na data programada, a velocidade do navio foi aumentada e a companhia suspendeu a escala de Porto Belo, no litoral de Santa Catarina. A empresa também decidiu ressarcir os passageiros em um sétimo do valor pago no pacote, o equivalente a uma diária. No entanto, as medidas não foram suficientes para acalmar os ânimos de vários dos 1.582 turistas que realizavam o cruzeiro, de oito dias e sete noites. Alguns deles descreveram os momentos do incidente como apreensivos, tensos e até como "horas de pânico". Quinze pessoas formaram uma comissão que recolheu 300 assinaturas e encaminhou requerimento ao comando do navio, Augusto Moita. O manifesto solicitava que os passageiros fossem informados no momento que houvesse uma solução para o problema e pedia também a liberação do acesso gratuito à internet ou aos telefones (por dois minutos) na tentativa de acalmar familiares em terra. De acordo com o advogado João Magalhães, de Olímpia, São Paulo, um dos membro da comissão, as solicitações não foram atendidas. O técnico de topografia Jairo Jr., de 24 anos, afirma que o desespero maior foi entre crianças e idosos. "Muita gente passou mal, tinha um monte de criança chorando e pessoas de idade fazendo oração", conta Jr., que mora em Cuiabá, no Mato Grosso. Ele explica que a situação piorou no momento de rebocarem o navio. "Nessa hora o navio inclinou bastante e as mesas foram todas para o outro lado", conta. Além do pânico generalizado, o vereador de Santos, José Lascane, descreve a viagem como desorganizada e frustrante. "Os danos emocionais que os passageiros tiveram foram grandes, quem queria conhecer Punta del Leste só teve três horas para passear por lá", exemplifica. Já a suspensão da escala em Porto Belo, foi o que mais causou transtorno à bacharel em Direito Aline Borges, de 27 anos. Ela desembarcaria na cidade e pegaria um vôo de Florianópolis para São Paulo no sábado, para fazer a prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na capital paulista no dia seguinte. "Eu perdi R$ 215 da passagem de avião e mais R$ 136,50 da inscrição para a prova. Fora que agora só vou poder fazer o teste em maio". Aline pretende negociar ressarcimento com a CVC. "Vou pedir o dobro do que gastei, porque eu se eu passasse na prova poderia arrumar um emprego ou prestar um concurso", argumenta. Lucro no ressarcimento O casal de professores Sérgio e Vera Lúcia Danna, que são deficientes visuais, disseram que só se assustaram um pouco com as malas caindo no momento da inclinação. "Mas nós acabamos saindo no lucro porque não iríamos descer nas escalas e agora vamos ter o ressarcimento de um sétimo da viagem", conta Sérgio Danna. O comandante do navio, Augusto Moita, explicou que o encalhamento foi causado por causa de uma mudança repentina nos ventos. "Deixamos o cais com ventos de 15 nós, mas o vento mudou de forma drástica para uma velocidade de cerca de 30 a 35 nós, o canal naquela zona é muito estreito e o vento levou o navio para fora do canal". A assessoria de imprensa da CVC divulgou que a empresa vai aguardar o final do inquérito instaurado pela autoridade portuária argentina para tomar futuras providências sobre o caso. Esta matéria foi alterada às 18h40 para acréscimo de informações.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.