Negociação com estiva chega a impasse

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Por Agencia Estado
Atualização:

As negociações entre o Órgão Gestor de Mão-de-Obra do porto de Santos e os sindicatos dos Estivadores e dos Trabalhadores de Bloco chegaram nesta sexta-feira a um impasse, e as discussões só deverão ser retomadas na segunda-feira, na reunião de conciliação programada pelo Tribunal Regional do Trabalho. As atividades portuárias que dependem da mão-de-obra estivadora não foram realizadas, no quarto dia de protesto da estiva, embora o TRT tenha determinado nesta quinta-feira a volta ao trabalho. Os operadores portuários que movimentam trigo conseguiram medida cautelar autorizando-os a operar sem os estivadores, mas os navios permaneceram parados porque os oficiais de justiça não conseguiram encontrar o presidente do Sindicato, Vanderlei José da Silva, para fazer a notificação. Um dos navios deverá descarregar 36 mil toneladas no Terminal de Grãos, da Multicargo, e outro deixará no país 30 mil toneladas do produto. A decisão judicial foi baseada no fato de o trigo ser um produto básico. A empresa irá iniciar as operações assim que Vanderlei da Silva for notificado. O terminal está fortemente policiado. Enquanto não se chega a um acordo, mais navios continuam chegando ao porto. Nesta sexta-feira, 15 estavam atracados, sendo que nove operaram com granéis líquidos, tarefa mecanizada, e seis permaneceram paralisados. Na barra, já são 23 embarcações, contra 5 do primeiro dia de movimento dos trabalhadores. Como tem ocorrido todos os dias, os estivadores tiveram assembléia pela manhã, em que decidiram, mesmo com a liminar do TRT, não aceitar a transferência da escala de trabalho para o Ogmo. Com base nessa decisão, o presidente do Sindicato dos Estivadores, Vanderlei José da Silva, e o dos Trabalhadores do Bloco, João Aristides Saldanha, seguiram para a reunião com o presidente do Órgão Gestor de Mão-de-Obra, André Luiz Marques Canoillas, e com o prefeito Beto Mansur (PPB), que tem mediado o conflito. A reunião terminou às 12h15, com Canoillas deixando a sala demonstrando irritação. "Chegamos ao impasse total, pois eles querem manter o ´status quo´", disse. Ele explicou que o Ogmo está tentando acabar com o privilégio dos diretores e propôs que fosse formado um grupo especial que tivesse acesso aos melhores trabalhos e saísse na frente dos demais, desde que esse privilégio seja dado a todos os estivadores registrados. Também a metodologia proposta pelo Ministério Público do Trabalho para a escalação da estiva não foi aceita pelo Sindicato dos Estivadores, revelou o presidente do Ogmo. Da parte de sua entidade, não houve aceitação da obrigatoriedade de contratar estivador para a escalação. "Isso, nem o Ministério Público nem o Ministério do Trabalho aceitam". Vanderlei José dos Santos deixou a reunião preocupado. "Não sei se é o Ministério Público do Trabalho que está impondo ou se é o Ogmo que não aceita nossas propostas", disse. Depois desse encontro, o líder sindical seguiu para um lugar não revelado, para evitar que fosse notificado sobre a liminar que permitiu a operação dos navios de trigo sem a mão-de-obra estivadora. Ele revelou que, se houver a aplicação da multa de R$ 50 mil por dia parado, seu sindicato irá recorrer. O prefeito Beto Mansur, que passou o dia negociando uma saída para a crise que paralisa o porto de Santos, revelava-se pessimista no final da tarde. "A situação chegou a um impasse e uma contra-proposta que encaminhei ao Vanderlei foi recusada". Mansur revelou que os sindicalistas esperam voltar a discutir o conflito na reunião de conciliação, que deverá ocorrer segunda-feira. "Vamos ter um final de semana com o porto parado e isso é preocupante".

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