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Negociações continuam até em festa de casamento

Na cerimônia da filha de Henrique Alves, Temer já atua como 'pacificador' do acordo para comando do Congresso em 2011

Por Bruno Boghossian
Atualização:

O acordo firmado entre o PT e o PMDB para ocupar a presidência da Câmara em um esquema de rodízio pelos próximos quatro anos não foi suficiente, até agora, para criar uma harmonia entre os dois partidos.O vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB), vai atuar como "pacificador" para evitar que a disputa pelo comando no primeiro biênio da nova legislatura (2011-2012) enfraqueça o bloco governista no Congresso."Será uma conversa paciente, com todos os interessados. É preciso chegar a um ponto em que a decisão de quem ocupa cada biênio não seja traumática, mas acordada", afirmou.As negociações políticas foram mantidas durante o casamento de Andressa Azambuja, filha do deputado Henrique Eduardo Alves, candidato do PMDB à presidência da Câmara. A cerimônia realizada na sexta-feira, no Rio, se transformou em uma reunião da cúpula do PMDB com alguns aliados.Alves perguntou por Temer assim que chegou à igreja onde aconteceu a cerimônia e passou os primeiros minutos da recepção ao pé do ouvido do vice-presidente eleito. A mesa do pai da noiva recebeu Temer, o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ).Alves não esconde que prefere assumir logo a presidência da Câmara, mas diz que delegará ao partido a negociação com o PT, caso haja conflitos."Eu gostaria de ser o primeiro, pelos desafios palpitantes para o Legislativo, como a reforma política. Mas não serei ponto de discórdia, de jeito nenhum", disse.O PT ainda não escolheu seu candidato ao comando da Casa, mas o deputado Cândido Vaccarezza é apontado como favorito.Nos bastidores, acredita-se que o PMDB tem força para assumir a cadeira em 2011, mas Temer adota um discurso conciliador e avisa que levará tanto Alves quanto Vaccarezza a um encontro de parlamentares que acontece esta semana, na Argentina.Senado. Diante da movimentação deflagrada para lançar o nome de Aécio Neves (PSDB) à presidência do Senado, Temer reagiu e afirmou que "o PMDB não vai abrir mão" do comando da casa. O vice eleito minimiza a articulação e admite que o envolvimento de partidos aliados na empreitada é "natural"."O Aécio é uma grande figura, mas eu não vejo como violar o regimento do Senado, que determina que o maior partido ocupa a presidência", afirmou. "Até pode ser, se houver um grande acordo, mas a informação que eu tenho é de que o PMDB não vai abrir mão do Senado."As negociações sobre o nome do candidato do PMDB ao comando da casa estão em fase inicial. José Sarney, Renan Calheiros e Garibaldi Alves são os mais citados, seguidos de Romero Jucá e Edison Lobão. Setores do partido, no entanto, entendem que o desgaste de Renan e Sarney pode enfraquecê-los.No casamento da filha de Alves, Renan e Lobão chegaram atrasados à cerimônia, quando a noiva já saía da igreja. Eles cumprimentaram o deputado, mas não foram mais vistos na festa.O deputado recebeu outros nomes do PMDB, como o ex-ministro Geddel Vieira Lima, o ministro da Agricultura Wagner Rossi, o ex-governador do Rio Moreira Franco e o senador Garibaldi Alves Filho.

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