Nhá Chica entra para lista de beatos reconhecidos pela Igreja Católica

Cerca de 30 mil pessoas compareceram ao anúncio da beatificação, em Baependi, no sul de Minas

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Por Redação
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BAEPENDI (MG) - A mineira Francisca de Paula de Jesus ou Nhá Chica foi beatificada na tarde deste sábado, 4, em Baependi, sul de Minas, entrando para uma lista ainda restrita de apenas 5 santos e 80 beatos brasileiros reconhecidos pela Igreja Católica. Desse total, 37 nasceram no País e 48 são estrangeiros que viveram aqui. Demorou mais de um minuto para a multidão perceber que Nhá Chica já era beata e aplaudir a declaração do cardeal Angelo Amato que lhe dava esse título em nome do papa Francisco. Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, o cardeal leu um texto em latim, em seguida traduzido para o português, no qual informava que o pedido de beatificação, feito por d. Diamantino Prata de Carvalho, bispo de Campanha, havia sido atendido. "Viva a nova beata Nhá Chica!", gritou d. Diamantino ao microfone. Foi então que o povo bateu palmas agitando bandeirinhas brancas com a imagem de Nhá Chica em fundo azul. Eram 31 mil pessoas, segundo a Polícia Militar. A missa começou pontualmente às 15 horas, sob sol a pino, todo mundo suando muito e disputando as garrafas de água mineral distribuídas por voluntários. Após a declaração de que Nhá Chica já era beata, a professora Ana Lúcia Meirelles Leite, acompanhada de sua neta Laura, de 9 anos, aproximou-se do altar e entregou ao cardeal Amato uma relíquia da santa, um pedaço de osso do antebraço que será levado para o Vaticano. Ana Lúcia é a beneficiária do milagre aprovado para a beatificação. Ela sofria de defeito congênito no coração e deveria ser operada após sofrer uma isquemia. Os médicos cancelaram a cirurgia, ao constatar que ela estava curada, alegadamente por intercessão de Nhá Chica. Na homilia de 13 minutos que leu após a leitura do Evangelho, o cardeal Amato exaltou as virtudes de Nhá Chica sem se referir ao milagre. Lembrou a origem e a vida humilde de Francisca de Paula de Jesus, neta de escrava e filha de ex-escrava, que viveu em Baependi vida de monja sem ter entrado num mosteiro. "Nhá Chica rezava muito, era adoradora do Santíssimo Sacramento e tinha profunda devoção a Nossa Senhora", lembrou o cardeal, convidando os fiéis católicos a imitar o exemplo da nova beata. O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência da República, representou a presidente Dilma Rousseff. O governador de Minas, Antônio Anastasia, que também assistiu à cerimônia, disse ter a esperança de que Nhá Chica seja a primeira santa nascida no Brasil, pois até agora só existe um santo, Frei Galvão de Sant'Anna Galvão. É pouco provável que seja Nhá Chica, pois o processo de canonização da baiana Irmã Dulce, beatificada em 2011, está mais adiantado.

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