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Nigeriano é enganado no Brasil e perde US$ 168 mil

Por Agencia Estado
Atualização:

Atraído por propaganda enganosa, o nigeriano Efosa Osasco largou tudo em seu País para tentar a vida no Brasil, mas acabou sendo confundido com um traficante de drogas, e os US$ 168,8 mil que carregava em fundo falso da mala foram confiscados pela Justiça. No rosto tem marcas da violência que sofreu durante um assalto em São Paulo, em que levaram o seu passaporte e parte do dinheiro que trouxe pensando em abrir uma empresa no Brasil depois de ler nos jornais nigerianos que aqui havia grandes oportunidades de negócios. O caso de Osasco, que sonhava em trazer a mãe e os irmãos para viverem no Brasil, foi narrado nesta sexta-feira durante a VI Conferência Nacional dos Direitos Humanos. E nesta sexta-feira mesmo ficou acertado que a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados tentará conseguir na 2ª Vara de Justiça de Guarulhos a liberação do dinheiro que Osasco não declarou ao entrar no País, em julho de 1999. Nesta sexta-feira, no encerramento da VI Conferência Nacional dos Direitos Humanos, foi divulgada a "carta da igualdade contra a discriminação". Os participantes do encontro decidiram lançar uma Campanha Nacional contra a Impunidade que acabe com a impunidade parlamentar, federalize os crimes de violação dos direitos humanos e aperfeiçoe o sistema penal e de segurança pública. E acertaram a participação na preparação da Conferência Mundial Contra o Racismo, Discriminação, Xenofobia e outras Formas de Intolerância, a ser promovida pelas Nações Unidas. O confisco do dinheiro do nigeriano ocorreu quando ele tentava retornar ao seu País, depois de ser assaltado por um taxista e seus parceiros em São Paulo. Ele já havia passado pelo Rio de Janeiro e Pernambuco à procura do melhor lugar para investir, mas considerou esses Estados muito violentos e resolveu voltar para sua terra, onde era jogador de futebol. No Aeroporto Internacional de Guarulhos, Osasco foi flagrado com o dinheiro que ele garante ser resultado da herança do pai e da venda de alguns bens. Segundo ele, todos os documentos comprovando a licitude da origem já foram apresentados à Justiça. A polícia, no entanto, pressupôs tratar-se de dinheiro ilícito. Osasco acabou preso durante 31 dias na Casa de Detenção do Carandiru e solto graças à interferência da Embaixada da Nigéria, conforme informações da Comissão de Direitos Humanos. "O único crime que Osasco cometeu foi não ter declarado o dinheiro que portava", afirma o presidente dessa comissão, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA). O nigeriano diz que não declarou o dinheiro porque "ninguém" o informou da necessidade desse procedimento no Brasil. "Na minha chegada, nenhum agente da Polícia Federal me perguntou se tinha conhecidos no Brasil, onde ia morar, quanto tempo permaneceria no País ou se trazia dinheiro", defende-se Osasco que tem vivido à custa de amigos da embaixada e está com problemas cardíacos. Ele está convencido de que tudo o que passou neste País é fruto de discriminação por ser negro. E lamenta: "O juiz acha que eu sou bandido".

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