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No aniversário, São Paulo ganha Praça da Sé reformada

Promessas eram de duas praças reformadas e uma nova linha de transporte na cidade, mas imprevistos não concluíram a obra na Praça da República

Por Agencia Estado
Atualização:

Era para ter, pelo menos, duas praças e uma nova linha de transporte. Não foi possível. No dia do aniversário de 453 anos, a cidade de São Paulo terá a entrega de apenas uma obra pública - a reforma da Praça da Sé. Imprevistos nas obras fizeram a conclusão da Praça da República ficar para daqui a 15 dias. O mesmo ocorreu com o Expresso Tiradentes (antigo Fura-Fila), que ficou para 8 de março. A Sé renovada, porém, não é um presente a ser ignorado pelos paulistanos. A nova praça traz novidades arquitetônicas para combater a violência e a depredação, além da redescoberta de um patrimônio esquecido sob esse mesmo descaso. A recuperação do Marco Zero é um exemplo. Formada por uma rosa-dos-ventos em mármore no chão e um pequeno totem coberto de uma placa de bronze, a escultura estava depredada. O metal havia sido roubado antes da reforma. Segundo o arquiteto André Aaltonen, para construir uma réplica com molde de gesso, foi preciso usar fotografias do Departamento do Patrimônio Histórico da Prefeitura (DPH). "A gente colocou muita cola de concreto na nova placa de bronze, e esperamos que não seja roubada novamente", conta Aaltonen. É dele a autoria dos restauro das 16 esculturas da Sé, que somem na paisagem recortada e poluída da praça, característica que se pretende eliminar com a nova arquitetura. As esculturas datam da década de 1970, quando a praça passou por reformas para abrigar a estação de metrô, em 1978. Assinada por José Eduardo de Assis Lefèvre, o projeto promoveu a demolição de todo um quarteirão, integrando a Sé à vizinha Praça Clóvis Bevilacqua. O Largo que deu origem à Sé é mais antigo. Surgiu no século 16, e o Marco Zero, mais antigo que a Catedral. O primeiro é de 1934, enquanto a segunda, de 1954. Em meio a essa história, as esculturas lembram a São Paulo modernista, com muito metal polido e bom humor. A obra Sem Título, de José Resende, é uma peça imensa de concreto, como se fosse um pedaço de muro, que foi feita para ser pichada. Estava escondida em um canteiro e hoje avançou sobre o passeio público, a pedido do próprio artista, que acompanhou o trabalho. As pichações atuais foram restauradas também. Na lista das outras peças, estão ainda o Monumento a Anchieta, de Heitor Usai, Os Pássaros, de Felícia Leirner, e até um nada democrático emblema do São Paulo Futebol Clube. Banquinhos Na terça-feira, a praça recebia os últimos retoques da reforma. As esculturas, que ganharam iluminação especial, estavam embaladas em plástico preto. Pedreiros e jardineiros dispunham plantas das mais variadas e as peças do novo mobiliário urbano da Sé. Este último quesito inclui os bancos de concreto que acomodam apenas uma pessoa. É uma das várias armas arquitetônicas para impedir que moradores de rua, que usavam os bancos como camas, façam da Sé o seu endereço preferencial. A reforma de R$ 4,1 milhões tinha como objetivo tornar a praça segura. Para isso, a vegetação foi mudada, por espécies rasteiras, a iluminação, reforçada, os becos e desníveis desfeitos. Um circuito de rampas foi instalado, já que uma das mais emblemáticas praças de São Paulo não permitia a circulação de portadores de deficiência, tamanho o número de escadarias ligando um nível ao outro. A Prefeitura garante que a Sé não perdeu árvores. As espécies da praça foram transplantadas de lugar, de forma a tornar o espaço mais amplo e mais facilmente vigiado.

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