No Rio, 4 pessoas são atingidas por bala perdida. 3 morrem

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Por Agencia Estado
Atualização:

Quatro pessoas foram atingidas hoje por balas perdidas durante operações policiais em favelas num intervalo de 18 horas em três pontos diferentes do Rio. Três das vítimas morreram, entre elas uma estudante de 16 anos, que estava uniformizada e voltava da escola. Ela foi baleada na cabeça. Aline Gonçalves de Lima e o vendedor evangélico Marcelo Salgueiro Soares, de 31 anos, estavam na Rua Cardeal Arco Verde, um dos acessos da Favela Beira-Mar, em Duque de Caxias, quando policiais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) chegavam ao local, esta tarde. Moradores contaram que um policial dirigia e outro seguia a pé, de arma na mão. Eles disseram também que os inspetores haviam prendido um traficante e pediram propina para libertá-lo. Como nada receberam, teriam voltado para se vingar. "Eles chegaram para matar mesmo. Até tiraram a placa do carro", contou a secretária da associação de moradores, Andréa Souza Ruiz. Moradores O titular da DRE, Túlio Pelosi, contesta a versão. Segundo ele, três inspetores que investigam a quadrilha de Fernandinho Beira-Mar há cinco meses foram recebidos a tiros quando chegavam à favela e não chegaram a reagir. "Nenhum tiro foi disparado por eles, porque deram prioridade ao socorro da menina, que estava atrás da viatura", contou. Aline chegou a ser levada para o Hospital Duque de Caxias, mas não resistiu. Soares, que vendia cloro na favela, levou um tiro nas costas e morreu no local. Cerca de 300 moradores iniciaram um protesto, mas policiais militares impediram que a Rodovia Washington Luiz fosse fechada. De madrugada, o ajudante de lavanderia André Luiz da Silva Dias, de 29 anos, foi atingido por um tiro no ombro direito, quando saía de casa, na Favela Praia da Rosa, na Ilha do Governador, zona norte da cidade. O comandante do 17.º Batalhão, Pedro Paulo da Silva, disse que ele foi vítima de uma guerra interna na quadrilha que controla o tráfico, que começou na semana passada, mas o setor de relações públicas da PM informou que houve operação do 17.º BPM com apoio do Batalhão de Operações Especiais. Moradores contaram que o tiroteio intenso durou cerca de 30 minutos e até granadas foram lançadas. André, que há quatro anos é funcionário do Hospital Santa Maria Madalena, saía de casa à 1 hora para pegar uma pizza. À tarde, o corpo do ajudante de carregador Márcio Guedes do Nascimento, de 18 anos, foi enterrado no Cemitério de Irajá. Ele foi baleado às 20 horas de ontem, quando policiais do 20.º Batalhão faziam incursão na Favela Nova Esperança, em Costa Barros, zona norte do Rio. Os policiais procuravam os assassinos de dois PMs no fim de semana. Em protesto, moradores da favela queimaram um ônibus e um caminhão da Companhia de Limpeza Urbana do Município (Comlurb). O Estado procurou a Secretaria de Estado da Segurança, mas a Assessoria de Imprensa informou que o secretário Anthony Garotinho não comentaria os incidentes durante operações das polícias Civil e Militar.

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