PUBLICIDADE

Notáveis interferem para encerrar greve na USP

Por Agencia Estado
Atualização:

A interferência de professores notáveis da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) abriu nesta quarta-feira um canal de negociações para tentar por fim à greve de alunos. Será formada uma comissão de alunos, reitoria e direção da faculdade, que deve reunir-se o mais rápido possível para discutir a greve, iniciada em 2 de maio. Até então, os estudantes pouco tinham participado das negociações. "Foi um avanço", disse o geógrafo Aziz Ab´Saber. "Agora os alunos, que estavam sem interlocução, terão um espaço", completou a filósofa Marilena Chauí. Eles e outros professores, como Antonio Cândido, Otávio Ianni e Francisco de Oliveira participaram à tarde de uma manifestação de apoio às reivindicações dos alunos da FFLCH. Cerca de 1.200 estudantes aplaudiram de pé os grandes nomes da faculdade. Depois do protesto, os professores se reuniram com o vice-reitor da USP, Hélio Nogueira da Cruz, e pediram a abertura do novo canal de negociação. "Até hoje de manhã eu não via solução para a greve, agora ficou mais fácil", disse o aluno Antonio David. Ele também participou da reunião com o vice-reitor. O restante dos estudantes ficou na porta da reitoria, esperando o fim da conversa, que foi até as 21h30. Alguns tentaram colocar faixas de apoio à greve na laje do prédio e foram repreendidos por seguranças. Segundo a reitoria, o carro de uma emissora de televisão foi pichado e teve os pneus furados. A greve na FFLCH é um protesto contra a falta de professores. Alunos denunciaram salas superlotadas e disciplinas canceladas pela ausência de docentes. As reivindicações foram, desde o início, apoiadas pela direção da unidade e só há divergências quanto ao número de professores pedidos à reitoria: os alunos pedem 259 docentes, e a direção, 115. "Temos de sensibilizar a sociedade para que sejam atendidas as reivindicações justas que estão sendo feitas", disse o crítico literário Antonio Cândido. Além de professor, ele estudou na FFLCH entre 1937 e 1941. Nesta quarta-feira, também o vice-reitor da USP e presidente da Comissão de Claros Docentes negou mais um pedido de contração de professores feito pela FFLCH: mais 19 docentes para este ano -o número faz parte do total de 115 pedidos para três anos. Segundo Cruz, o documento que provaria a necessidade dos professores é contraditório, já que pede mais profissionais para disciplinas que têm carga didática menor. Em meio à greve, a FFLCH escolhe nesta quinta-feira a lista tríplice para eleger seu próximo diretor. Há dois candidatos até agora: Leonel Itaussu, do Departamento de Ciências Políticas, e Sedi Hirano, da Sociologia.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.