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Novas armas e luvas reforçam suspeita de que garoto matou a família

Para o delegado Itagiba Franco, fato de armamentos não terem sido roubados afasta ainda mais hipótese de ação do crime organizado em caso da Vila Brasilândia

Por Bruno Paes Manso
Atualização:

SÃO PAULO - Outras três armas encontradas pela perícia na casa da família Pesseghini, na Vila Brasilândia, zona norte de São Paulo, reforçam a suspeita de que o estudante Marcelo, de 13 anos, é o responsável pela série de assassinatos seguidos por seu suposto suicídio na segunda-feira, 5. Para o delegado Itagiba Franco, responsável pelas investigações, o fato de os armamentos não terem sido roubados afasta ainda mais a hipótese de ação do crime organizado, levantada inicialmente.

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Os assassinatos aconteceram em duas casas que ficam no mesmo terreno onde morava a família. Pistas encontradas no local, imagens de câmeras de rua e depoimentos de professores e colegas de classe levaram policiais a concluir que o estudante matou os pais, a avó e a tia-avó, foi para a escola e, na volta, se matou.

Exames no carro da mãe do estudante, Andréia Regina Bovo Pesseghini, de 36, cabo da PM, também constataram a presença de um par de luvas no automóvel. O veículo teria sido usado pelo estudante para ir à escola. Trata-se de mais um elemento que aponta para a autoria do crime.

O depoimento do melhor amigo de Marcelo, também de 13 anos, foi decisivo para reforçar a suspeita de crime familiar seguido de suicídio. Ele tinha um plano, segundo o amigo: "matar os pais durante a noite, quando ninguém soubesse, fugir com o carro deles e morar em um lugar abandonado". Conforme o depoimento à polícia, o menino já havia repetido essa história várias vezes e voltara ao assunto recentemente.

O pai do garoto, Luiz Marcelo Pesseghini, de 40 anos, sargento da Rota, foi morto de bruços, como se estivesse dormindo. A mãe estava de joelhos sobre a cama. A avó, Benedita Oliveira da Silva, de 65 anos, e a tia-avó Bernardete Oliveira da Silva, de 55, estavam deitadas na cama, cobertas.

Marcelo estava sobre a provável arma do crime e segurava a pistola .40 com a mão esquerda. Todos morreram com um tiro à queima-roupa na cabeça. "Se fosse crime comum, as vítimas seriam acordadas. Teria havido reação, briga, e não foi isso que se evidenciou", disse Itagiba. Os policiais estranharam o sumiço do Corsa Classic, que pertencia à mãe de Marcelo. Buscas localizaram o carro ao lado da escola em que o menino estudava, o que indicaria que ele teria dirigido até o local depois de matar os pais.

Na escola. Uma das professoras afirmou à polícia que Marcelo havia perguntado "se ela sabia dirigir quando era criança" e "se havia atingido de algumas forma os pais". Para outra professora, o menino contou que já tinha dirigido um buggy.

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Nesta terça-feira, 6, um dos peritos localizou as chaves do carro no bolso de uma jaqueta de Marcelo. A mochila do estudante foi encontrada na porta de entrada da casa onde ocorreu o crime, com um revólver calibre 32 dentro. A arma pertencia ao avô do garoto.

A suspeita da polícia é de que, depois de matar os familiares, o menino tenha levado a arma do crime para a escola. O pai do melhor amigo de Marcelo deu carona para o menino. Antes de sair, o garoto avistou o carro da mãe. Ele foi até o veículo, pegou um objeto e colocou na bolsa. "Pode ser a arma, mas não sabemos", disse Itagiba. Marcelo foi deixado perto de casa. De acordo com a polícia, logo depois cometeria suicídio.

Lacunas. Ainda há lacunas na investigação. A principal é como o menino conseguiu matar os quatro familiares sem despertar reação. A principal hipótese é que ele tenha sedado os parentes. Exames toxicológicos devem demorar um mês. O filho de Bernardete Oliveira da Silva contou à polícia que ela era depressiva e tomava remédios.

O tio de Marcelo disse à polícia que o garoto era destro, o que mudaria os rumos da investigação, já que o revólver estava na mão esquerda, mesmo lado onde teria sido dado o tiro suicida. Itagiba afirmou que familiares e professores confirmaram que o jovem era canhoto. E o exame residuográfico não detectou pólvora na mão de Marcelo. O delegado diz que resultados negativos são comuns mesmo depois de disparos.

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