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Nove pessoas estão desaparecidas no naufrágio em Cabo Frio

Por Agencia Estado
Atualização:

Onze mulheres e uma menina de 5 anos morreram afogadas neste sábado em Cabo Frio, no litoral carioca, quando o barco em que faziam um passeio adernou, por volta das 12 horas, a cerca de 500 metros da praia. Na escuna Tona Galea, com capacidade para 78 pessoas, viajavam 62 passageiros e 2 tripulantes, de acordo com a polícia. Em nota, o Comando do 1º Distrito Naval informou que há nove passageiros desaparecidos. Segundo os sobreviventes, as causas prováveis do acidente foram o mar agitado e o vento forte. Uma sobrevivente, que não quis se identificar, contou que a maioria das pessoas estava na proa do barco tirando fotos, quando veio a onda. ?O barco subiu, mas na hora de voltar, virou?, disse. Marcia Meneguetti, que estava acompanhada do marido, Oswaldo Meneguetti, desaparecido, disse que o acidente ocorreu ?muito rápido?. Ela contou que foi com o marido a Cabo Frio para comemorar o aniversário dele, hoje. ?De repente a gente se viu dentro do mar, sem socorro nenhum. Eu queria muito que ele estivesse vivo. A última vez que eu o vi, ele estava desacordado?, disse. Os mortos identificados até as 18 horas são a menina Joyce Dutra, a mãe, Magda Dutra, de 38 anos (ambas de Belo Horizonte), Maria Eugênia, Rita Costa, Helena Souza e Maria da Conceição Gouvêa Vieira. Foram identificadas seis desaparecidos que integravam uma excursão da empresa CVC: Oswaldo Meneguetti, Alexandre Boveres, Celia Souza, Juliana Fragoso, Maria Canetti e Eduardo Biasoli. Salva-vidas A estudante Juliana Garcia disse que uma onda forte bateu de lado e jogou os passageiros para um só lado da embarcação, que adernou. ?Depois disso, a gente não viu mais nada?, disse chorando. Ela afirmou que os tripulantes da Tona Galea não permitiram que os passageiros utilizassem os coletes salva-vidas durante o passeio. ?Apenas no momento que paramos para mergulhar tínhamos permissão para usá-lo?, disse. O comandante da Tona Galea, Norberto Guimarães da Silveira, está desaparecido. O comerciante Edilson Nunes, que também estava no barco, disse que sofreu ao ver em torno dele as pessoas desesperadas tentando se salvar. Segundo ele as pessoas se desesperaram também pela demora em serem socorridas. O técnico em eletrônica Gersino Dutra disse que o a acidente aconteceu logo depois que a escuna deixou a Ilha do Papagaio. Ele perdeu no acidente a cunhada Magda Dutra e a sobrinha Joyce. Ele reconheceu o corpo das duas no Instituto Médico Legal de Cabo Frio. Desistência Judith Guitir, 61 anos, moradora em São Paulo, procurava um casal de amigos que estava no barco e não havia sido encontrado. ?Eu ia embarcar também mas desisti porque não sei nadar. No ano passado fiz este mesmo passeio e enjoei muito?, disse. O secretário de Turismo de Cabo Frio, Carlos Victor Mendes, afirmou que as vítimas possivelmente ficaram por baixo do barco quando ele virou e não conseguiram se livrar. Os passageiros foram inicialmente socorridos por embarcações que estavam próximas. Onze deles receberam atendimento no posto municipal e liberados. Os sobreviventes foram alojados no hotel Acapulco. Buscas Segundo o secretário, as buscas de novos corpos foram encerradas por volta das 18 horas e serão retomadas neste domingo cedo. O secretário disse que só neste domingo haverá condições de saber o número de vítimas do acidente e identificá-las. O delegado da 126ª DP (Cabo Frio), José Maria Omena, abriu inquérito para apurar as causas do acidente. O secretário estadual de Defesa Civil, Carlos Alberto de Carvalho, foi para Cabo Frio, representando a governadora Rosinha Matheus, para acompanhar o inquérito. O Comando do 1º Distrito Naval informou que a escuna Tona Galea foi vistoriada pela agência da Capitania dos Portos de Cabo Frio em 22 de dezembro passado, encontrando-se em ?perfeito estado de conservação e seus tripulantes estavam habilitados?. A Marinha também abriu inquérito para apurar o acidente. Imagem Quando ocorreu o acidente, o barco já estava retornando do passeio. O secretário Victor Mendes disse que vai pedir ao governo estadual pressa na conclusão da perícia. ?Vamos estar atentos na fiscalização porque a gente luta pela qualidade do atendimento. Um episódio desse prejudica a imagem da cidade?, afirmou. A Tona Galea é uma das 13 embarcações que fazem passeios em Cabo Frio pertencentes à Cooperativa dos Administradores de Navegação de Turistas e Passageiros (Coopnav). A escuna saiu às 10 horas do terminal do Canal de Itajuru (que liga a Lagoa de Araruama ao oceano) para um passeio de duas horas, percorrendo o canal, entrando no mar aberto até a Iha do Papagaio, a 1,5 quilômetro da costa, em frente à praia do Forte, a principal da cidade.

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