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Novo laudo diz que Champinha não pode ser solto

Rapaz que violentou e matou a estudante Liana Friedenbach, em 2003, é uma pessoa de alta periculosidade, segundo laudo feito pelo IML

Por Agencia Estado
Atualização:

Roberto Aparecido Alves Cardoso, o Champinha, de 19 anos, que está na Febem, não tem condições de viver em sociedade. É uma pessoa de alta periculosidade. Essa é a conclusão do laudo feito por quatro profissionais do Instituto Médico Legal (IML) que o avaliaram por um mês. Aos 16 anos, ele violentou e assassinou a estudante Liana Friedenbach, da mesma idade, em outubro de 2003, em Embu-Guaçu, na Grande São Paulo. Foi também o mentor do assassinato do namorado da jovem, Felipe Caffé, de 19 anos. O documento, que foi entregue anteontem para a Justiça e o Ministério Público, sugere a internação do jovem em uma Casa de Custódia e sua interdição civil. Esse resultado contradiz um dos laudos anteriores - feito por outra equipe -, que apontava retardo mental leve, o que não justificava a permanência na instituição. Entretanto, os médicos e psicólogas que o reavaliaram garantem que Champinha tem ´altíssima possibilidade de reincidir no crime´. Ele não apresenta também dilemas ou culpa, ou seja, não se arrepende dos atos que comete. Acampamento Liane e Felipe foram rendidos pelo adolescente em outubro de 2003, quando acampavam na região de Juquitiba. Nos dias em que a estudante esteve em seu poder, o garoto a violentou várias vezes. Também a exibia para os comparsas como sua namorada. Como era menor quando matou Liana com 15 facadas, foi encaminhado à Febem. Entretanto, poderá deixar a instituição até janeiro, quando vencem os três anos de internação permitidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Aos 12 anos, Champinha já teria participado de um outro crime, se envolvendo na morte de um andarilho. Essa nova avaliação psiquiátrica foi um pedido da Justiça, numa tentativa de analisar se ele tem condições de viver em sociedade e até impedir a sua liberdade. Com base nos resultados de exames, entrevistas e avaliação da família, os profissionais concluíram que Champinha sofre de Transtorno Orgânico de Personalidade. A doença, provavelmente, é decorrente de uma lesão cerebral ocorrida durante o parto. Ao nascer, ele sofreu falta de oxigenação no cérebro. Os seus quatro irmãos não apresentam o transtorno. Uma característica relatada pelos profissionais é que Champinha tem uma personalidade sugestionável. Entretanto, tem capacidade de liderança. Os seus quatro comparsas, que ajudaram na morte do casal, insistem que agiram sob as ordens do adolescente, embora fossem bem mais velhos que ele. Três deles já foram julgados e condenados. O laudo informa que ´apesar de uma discreta melhora que teve na Febem, o interno não tem condições de convivência extramuros´. Esse laudo servirá como base para a decisão da Justiça em manter ou não o adolescente internado. Caso o juiz decida pela liberação, existe um plano estratégico para a retirada do jovem da Capital, porque ele é jurado de morte em sua cidade, Embu-Guaçu. Toda uma estrutura está sendo montada para que ele e a mãe, Maria das Graças, possam viver em uma cidade interiorana de outro Estado. Desde que Champinha foi internado na Febem, no dia 10 de novembro de 2003, ele já foi submetido a pelo menos seis laudos psiquiátricos por equipes diferentes. O jovem foi submetido a testes psicológicos para avaliar a personalidade, entrevistas e exames clínicos como tomografias. Além desse que acabou de ser concluído, existe outro que está em andamento. Todo esse material servirá se subsídios para a Justiça.

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