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Número de acidentes e mortes no trânsito tem pequena queda

Levantamento feito em 15 capitais mostra que houve redução de 1,5%, em relação a 2007

Por Renato Machado
Atualização:

O Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) divulgou ontem um estudo que mostra uma redução pequena no número de acidentes e mortos no trânsito desde a entrada em vigor da lei seca, em 20 de junho. O levantamento reúne dados de julho e agosto de 15 capitais e os compara com o mesmo período do ano passado. Neste ano, foram 13.459 acidentes com vítimas, ante 13.672 de 2007 - uma queda de 1,5%. O número de mortes no trânsito caiu 7% - de 1.055 para 981. O presidente do Denatran, Alfredo Peres da Silva, afirma que a baixa redução no número de acidentes com vítimas não significa que a nova regra seja ineficiente. "Um acidente com vítima pode ser qualquer batida com lesão leve. O índice que melhor reflete o impacto da lei seca é o número de mortes no trânsito, pois grande parte deles é conseqüência do álcool", afirma. Em relação à diferença com os dados divulgados anteriormente, que chegaram a apontar redução de até 50% no número de mortes, Peres da Silva diz que é preciso verificar se houve falhas nos levantamentos dos primeiros números ou se aconteceu algum outro fenômeno, como as pessoas passarem a descumprir a lei. Ele acrescenta que a falta de bafômetros em muitos municípios foi prejudicial para a fiscalização, mas que a situação está sendo contornada com a compra de 10 mil bafômetros para serem distribuídos às cidades. Dentre as capitais analisadas no estudo, somente em quatro a quantidade de acidentes foi superior ao período anterior: Rio Branco (AC), Manaus (AM), Salvador (BA) e Porto Velho (RO). No entanto, o aumento em algumas cidades foi grande, o que impediu uma queda maior nos índices. Somente na capital amazonense, por exemplo, houve um aumento de 73% - foram 741 acidentes em julho e agosto de 2007 e 1.284 no mesmo período deste ano. O estudo do Denatran mostra que Palmas (TO) foi a capital brasileira que mais reduziu o número de acidentes com vítimas. Foram 282 em 2007 e 117 neste ano, uma queda de 58%. São Paulo, que concentra a maior frota do País, mantém-se à frente em acidentes, com 4.668 - 2% a menos que o período anterior. Para o diretor científico da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), João Montal, os números evidenciam falhas na fiscalização e, principalmente, diferenças entre os Estados no rigor para coibir as infrações. "Quando as pessoas percebem que não há empenho do poder público para fiscalizar, a medida acaba virando só mais uma lei, e a maioria pára de cumprir", diz Montal. A capital do Tocantins também foi a que mais reduziu o número de mortes no trânsito. Foram nove em julho e agosto de 2007 e somente uma neste ano. O Rio de Janeiro mantém o mais alto índice dentre as cidades analisadas, mas também foi uma das que mais apresentaram redução - caiu de 374 para 262, uma queda de 30%. A cidade de São Paulo se manteve dentro da média nacional de 7%, reduzindo de 128 para 118 mortes no trânsito. Após a entrada em vigor da lei seca, disparou o número de autuações referentes a dirigir sob efeito de bebida alcoólica. Foram 2.322 em julho e agosto deste ano, quantia 242% superior à do mesmo período de 2007. As capitais campeãs de multas são Brasília (597), Salvador (543), Manaus (224), Curitiba (197) e Porto Velho (180). O Detran de São Paulo não informou ao Denatran o número total de autuações nem especificou quantas são relacionadas a essa infração. O condutor que for flagrado dirigindo com teor alcoólico acima do tolerável terá a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa por 12 meses e receberá multa de R$ 957,70. O limite tolerável de álcool no sangue é de 2 decigramas por litro, de acordo com a nova regra. Níveis iguais ou superiores a 6 decigramas por litro de sangue ou igual ou superior a 3 décimos de miligrama por litro de ar expelido dos pulmões caracterizam crime. Nesse caso, os infratores estão sujeitos a penas que variam de seis meses a três anos de prisão.

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