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Número de doentes triplica no Maranhão

Trizidela do Vale é obrigada a reduzir tempo de internação de pacientes; Piauí já tem o dobro de atingidos pelas enchentes em relação a 2008

Por Tiago Décimo , Solange Spigliatti , Wilson Lima e Luciano Coelho
Atualização:

O número de casos de doenças como hepatite, leptospirose, dengue, diarreia e gripe aumentou consideravelmente em cidades do Maranhão atingidas pelas cheias dos rios, de acordo com balanços de Secretarias Municipais de Saúde. Em Trizidela do Vale, a 226 quilômetros de São Luís, o número de internações e de atendimentos do Programa de Saúde da Família (PSF) triplicou. Em Pedreiras, município vizinho, o número de internações aumentou no mesmo ritmo. Em Trizidela do Vale, o PSF realizava cerca de 2,2 mil atendimentos por mês. Com a inundação de 90% da cidade, nos últimos 30 dias, foram 6,8 mil consultas. Nesse período foram realizadas 350 internações no Hospital Municipal Doutor João Alberto. "Para atender tanta gente, fomos obrigados a diminuir o tempo de permanência das pessoas no hospital", diz a secretária de Saúde de Trizidela do Vale, Ediuene Sousa. Em Pedreiras, em 30 dias, 730 pessoas foram atendidas com doenças ligadas diretamente às enchentes. Foram registradas 12 internações por hepatite A e dois casos de leptospirose. "Em períodos normais, registrávamos, por exemplo, menos de quatro casos de hepatite A por mês", comparou o secretário de Saúde, José Lima. Dos dois hospitais de Trizidela do Vale, um ficou alagado e os atendimentos, em 30 leitos, foram concentrados em apenas uma unidade. Em Pedreiras, o hospital infantil, com 35 leitos, foi interditado. Os atendimentos estão concentrados no Hospital Geral do município, com capacidade para 45 leitos. A autônoma Edinalda de Araújo morava em São Paulo e foi para Pedreiras ajudar a mãe que ficou desabrigada. Edinalda contraiu diarreia e precisou ser internada na semana passada. "Quis ajudar, mas sou eu quem preciso de ajuda", disse. De acordo com a Defesa Civil do Maranhão, subiu para 116 mil o número de desabrigados e desalojados no Estado e para 338 mil os afetados. São 93 cidades em situação de emergência. O desespero da população fez com que homens da Força Área Brasileira suspendessem a distribuição de mantimentos em Icatu, no domingo. Houve disputa por alimento próximo a um helicóptero. OUTROS ESTADOS A Secretaria Estadual de Defesa Civil de Piauí informou que houve crescimento de 90% do número de pessoas afetadas por enchentes neste ano, em relação a 2008. O órgão orientou prefeitos a prepararem o relatório de danos o mais breve possível para garantir atendimento emergencial e recursos para a reconstrução das cidades. De acordo com o boletim do órgão, prefeitos de 40 municípios decretaram estado de emergência. São 18.074 famílias atingidas por alagamentos, sendo 12.651 desalojadas e 5.422 desabrigadas. O número total de pessoas atingidas pelas chuvas e enchentes é de 90.370. Na Bahia, depois de três dias de estiagem, a chuva voltou a castigar Salvador entre o fim da tarde de domingo e ontem. Houve pontos de alagamento nas principais avenidas e oscilações no fornecimento de energia elétrica, causadas por quedas de árvores e de postes. Segundo a Defesa Civil, foram registradas ontem 368 ocorrências relacionadas à chuva, entre elas 138 deslizamentos de terra e 11 desabamentos de imóveis. Não houve registro de vítimas. Na cidade, há 3.500 desabrigados e 615 imóveis em risco de desabamento. Na Bahia, chegam a nove os municípios que decretaram emergência. Em Nazaré, no Recôncavo, o nível do Rio Jaguaripe subiu mais de 2 metros entre anteontem e ontem e deixou 200 famílias desabrigadas. SECA Balanço da Defesa Civil de Santa Catarina registra 124 municípios em situação de emergência por causa da estiagem. As regiões mais afetadas pela falta de chuvas são o oeste, o meio-oeste, extremo oeste, planalto, norte e Vale do Itajaí de Santa Catarina, que sofreu fortemente comas as chuvas de novembro do ano passado.

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