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Número de roubo a bancos cai 47,5% em SP

Até agosto, foram 64 casos, contra os 122 ocorridos no mesmo período de 2001

Por Agencia Estado
Atualização:

A migração dos assaltantes para os seqüestros, a prisão dos principais chefes de quadrilhas, o reforço na segurança das agências e a redução da quantidade de dinheiro nos cofres foram os fatores que permitiram a queda dos assaltos a bancos na capital nos últimos cinco anos. Em 1997, São Paulo registrou 972 casos. Em 2001, o número caiu para 178. Este ano, de janeiro a agosto, foram praticados 64 roubos, baixa de 47,5% em relação a 2001, quando ocorreram 122. Segundo dados preliminares, o mês campeão de assaltos em 2002 foi fevereiro, com 12 casos. Depois vieram março e agosto (com 10 cada), julho (9), abril (8), janeiro (7), maio (6) e junho (2). O delegado Alberto Pereira Matheus, da Delegacia de Roubo a Bancos do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic), disse que a capital chegou a registrar quase cem assaltos a bancos por mês. "Foi um longo trabalho de investigação com centenas de prisões, que continuam até hoje." Ele afirmou que um grupo de ladrões assaltava agências quase todos os dias. "Eles não faziam outra coisa. Nós conseguimos identificá-los e prendê-los. A maioria cumpre hoje de 40 a 80 anos de cadeia." Os bancos mais assaltados este ano na capital foram o Itaú (17 roubos), Banespa, (13), Banco do Brasil, (9), Santander (4), Sudameris e Bradesco (com 3 cada). De janeiro a agosto, os investigadores prenderam 110 assaltantes envolvidos em ataques a agências bancárias. Entre eles, 18 já haviam sido condenados pelo mesmo crime. Os policiais recuperaram R$ 2,9 milhões e apreenderam 29 armas, muitas delas de uso exclusivo das Forças Armadas, como fuzis AR 15 e carabinas 7,62. Matheus explicou ainda que as investigações permitiram a identificação das principais quadrilhas, que, além de atacar as agências, seqüestravam as famílias dos gerentes e tesoureiros para obrigá-los a ir ao banco e sacar o dinheiro dos caixas e cofres. Eram grupos com mais de dez ladrões, que mandavam fotos com as armas apontadas para a cabeça das pessoas seqüestradas para forçar a entrega do dinheiro. "Essa modalidade também caiu depois da prisão de 15 quadrilhas. Os bandidos levavam as vítimas para casas alugadas fora da capital. Existe ainda um número reduzido de bandidos que têm seqüestrado gerentes, mas estão sendo identificados e esperamos prendê-los em pouco tempo." Seqüestros O diretor do Deic, Godofredo Bittencourt, disse que, além dos ladrões de bancos, traficantes e assaltantes migraram para os seqüestros, o que provocou o aumento dos crimes nos últimos dois anos. Segundo ele, a polícia "apertou de um lado e os bandidos procuram outro caminho". Os delegados e investigadores da Divisão Anti-Seqüestro (Deas) que apuram os seqüestros estão prendendo quadrilhas todas as semanas. Os seqüestros aumentaram 50% este ano na capital, em comparação com o ano passado. A polícia já prendeu 325 seqüestradores e esclareceu 75% dos crimes. Mudança No dia 4 de setembro, policiais civis e militares prenderam os ladrões William José de Farias, de 25 anos, Sérgio Jorge de Paula, de 25, Ricardo Unes Soares, de 27, e Ariosvaldo Caetano da Silva, de 37. Eles foram descobertos quando assaltavam a agência do HSBC no bairro de Moema, atrás do Shopping Ibirapuera, na zona sul. Já tinham recolhido do cofre e dos caixas R$ 22 mil. Os policiais demoraram quase cinco horas para convencer os ladrões a libertar os sete funcionários do banco mantidos reféns e se render. Um deles, Soares, com antecedentes criminais pelo assalto de cinco bancos, lamentou sua prisão ao ser autuado em flagrante no Deic. Disse que era o único de seu bando que não "migrara" para os seqüestros. Ele convidou Paula, Silva e Farias para participarem de um último golpe contra um banco antes de passar para os seqüestros. "O olho cresceu e acabei na cadeia."

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