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Número de suicídios com uso de agrotóxico preocupa médica do PR

Por Agencia Estado
Atualização:

Dos 1.201 casos de intoxicação notificados em 25 municípios da região centro-oeste do Paraná, entre janeiro de 1994 e agosto de 2001, 423 (35%) foram tentativas de suicídio. Mas o dado que mais deixou preocupada a pesquisadora e pediatra Cleonice de Fátima de Souza, de Campo Mourão, a 450 quilômetros de Curitiba, foi o número de pessoas que utilizaram os agrotóxicos como forma de suicídio: 215 (50,82%). O que também chamou a atenção da médica, que tem como especialidade a medicina do adolescente, foi o número de jovens envolvidos com o problema. Do número total de intoxicações, 317 estavam entre 11 e 20 anos. Desses, 128 foram tentativas de suicídio, com 15 óbitos. De 21 a 30 anos, foram 334 casos, dos quais 134 tentativas de suicídio, com 20 óbitos. E entre 31 e 40 anos, o número de intoxicações foi de 247, dos quais 96 tentativas de suicídio, com 20 mortes. Nas outras idades, os números foram menos expressivos. Segundo o estudo de Cleonice, das 423 pessoas que utilizaram algum tipo de produto para tentar o suicídio, 78 morreram. Em dez casos o agrotóxico não foi a causa da morte. Por ser uma região essencialmente agrícola, adolescentes que normalmente são mais sensíveis à depressão e vêem na morte uma espécie de revanchismo para qualquer desilusão, ficam "desprotegidos" com a falta de cuidado com o agrotóxico. "Não há uma política de controle sobre os agrotóxicos", criticou a médica. "Está fácil para comprar e não há cuidado na guarda do produto."

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