'O combate ao racismo e à discriminação estão na agenda brasileira'

José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, diz que País, mesmo lentamente, avança em medidas que promovam a igualdade racial

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Por Redação
Atualização:

Reitor da Universidade Zumbi dos Palmares e membro da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Evaristo Arns, José Vicente acredita que o Brasil está avançando em medidas que promovam a igualdade racial. Na entrevista para o Estadão Blue Studio, ele exemplifica essa evolução ao mencionar as leis criadas para combater o racismo, as políticas públicas que estão sendo estabelecidas e também as ações nas empresas, mais atentas à questão da diversidade.

"O combate ao racismo e à discriminação racial fazem parte hoje da agenda brasileira. E isso é importante porque as pessoas são estimuladas e sentem a necessidade de entender e impedir que o racismo se manifeste. Mas é incipiente, nova, e estamos ainda no processo de consolidação dessa agenda."

José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares. Foto: IARA MORSELLI - Estadão

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Por que é importante existirem ações que promovam a igualdade racial?

Para tentar exterminar definitivamente essa desigualdade da nossa sociedade, porque ela continua sendo a limitadora de exploração de toda potência do nosso País, de criação, de talento e de transformação do negro brasileiro. São importantes também porque permitem conhecer o grau de danos e malefícios que o racismo tem produzido contra os negros na sua trajetória.

O senhor acha que estamos evoluindo no combate ao racismo?

Estamos evoluindo muito mais lentamente do que precisamos.

Onde evoluímos?

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O racismo passou a ser reconhecido, previsto, punido e penalizado na própria Constituição. O Estado também tem construído políticas específicas para combater essas desigualdades, como as cotas nas universidades e nas Forças Armadas.

Há mudança de postura também nas empresas?

Houve uma evolução muito grande de cinco anos para cá. De nenhuma empresa olhando para essa questão agora já existe mais de uma centena com intervenções inéditas. Além dos programas para trainees, incluíram cotas corporativas e a criação de fundos para financiar essa agenda. Tem sido mais frequente a presença de negros nos conselhos de administração.

Poderia citar também ações pela diversidade na educação?

Além das cotas, um grupo de escolas privadas criou o movimento Escola Antirracista. São colégios tradicionais, que atendem o público de alta renda, que construíram uma rede e estão interessados em fazer a descolonização, a desconstrução do racismo.

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