O horizonte é que muda de lugar

Marilene foi de Cachoeira do Sul a Brasília pela carreira e voltou à cidade gaúcha pelos filhos

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Por Elder Ogliari e PORTO ALEGRE
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A psicóloga Marilene Cavalheiro Nunes, de 52 anos, separada, trocou Cachoeira do Sul por Brasília em busca de mudanças de horizontes pessoais e profissionais, no fim de 2005, e voltou para o Rio Grande do Sul, no fim de 2007, para ficar perto dos dois filhos. Ela admite que sentia alguma saudade, mas não que a mudança mais recente tenha relação com a ideia da volta à querência, termo que os gaúchos usam para designar o local de nascimento. "O peso maior foi a preocupação da mãe querendo apoiar os filhos", explica. Quando foi, Marilene levou junto um dos filhos, Maurício, então com 24 anos, e deixou o outro, Leonardo, com 20 anos, morando e trabalhando com os tios em atividades agrícolas e comerciais, em Cachoeira do Sul, a 160 quilômetros de Porto Alegre. Maurício não se adaptou à capital federal e preferiu voltar poucos meses depois. A psicóloga gostou do clima e do ambiente ecumênico de Brasília e fez muitos amigos. Também encontrou trabalho, sucessivamente, como coordenadora da equipe social de uma empresa de urbanismo, num programa de tratamento de dependência química da Universidade de Brasília e na área social do governo do Distrito Federal.Quando decidiu regressar ao Rio Grande do Sul, Marilene já sabia que Maurício estava feliz em Cachoeira do Sul. Mas também percebia o potencial de Leonardo para o direito e optou por morar em Porto Alegre, para apoiar o jovem, que também se mudou para a capital gaúcha, em seus estudos. "Ele já fez estágio no tribunal e no Ministério Público e em breve embarca para um intercâmbio nos Estados Unidos", destaca. Com os filhos encaminhados, a psicóloga está tratando agora de abrir um novo caminho pessoal. Depois de trabalhar pelo tempo fixo de três anos como consultora da Unesco para um projeto da Secretaria Estadual da Saúde, está atendendo pacientes em consultórios de Campo Bom, Novo Hamburgo e Taquara e vai morar em uma dessas cidades dos vales do Sinos e Paranhana. "Quero ter qualidade de vida e ficar perto do templo budista de Três Coroas", revela. Na região, estará a uma hora de viagem de Porto Alegre e a três de Cachoeira do Sul.Marilene não fala de suas mudanças como se elas fossem parte de fluxos migratórios e desconhece gaúchos que tenham saído e voltado em ondas para o Estado recentemente. Considera sua ida para Brasília e seu retorno ao Rio Grande do Sul como movimentos ligados a circunstâncias e decisões pessoais.

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