
18 de agosto de 2011 | 00h00
Foi o suficiente para Dilma prever o que a esperava, a ponto de, ao discursar, confundir o nome do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), chamando-o de Agnelo Rossi.
Ao chegar de volta ao Planalto, antes das 19 horas, Dilma recebeu Temer e Rossi. Na conversa, a presidente voltou a avalizar, quase protocolarmente, o trabalho de Rossi à frente da pasta, mencionando a defesa do agronegócio.
Mas, pressionado e assustado com o cerco do noticiário e com o ingresso da Polícia Federal no caso, Rossi disse "não aguentar a pressão". Adicionou à conversa no gabinete presidencial reclamações contra a imprensa, sem que, no entanto, Dilma tenha reverberado a queixa.
Depois de entregar a carta de demissão a Dilma, os dois se despediram e a presidente permaneceu em seu gabinete, em reunião apenas com seu vice. Dilma informou a Temer que o cargo continuava sendo do PMDB e que aguardaria o nome a ser apresentado por ele. Preocupada, Dilma pediu a Temer que a ajudasse a manter o partido articulado, para que não fosse desperdiçado todo o processo de recomposição da base.
Dilma havia transferido para o PMDB a responsabilidade pela manutenção de Rossi no Ministério da Agricultura, mas foi o próprio Temer quem enxergou a situação insustentável depois da denúncia de que seu afilhado político usara o jatinho de uma empresa que mantém negócios com o governo.
Nos bastidores do Palácio do Planalto, o comentário era que Ricardo Saud, amigo de Rossi e seu assessor na Agricultura, tem uma complicada rede de conexões.
Na avaliação do próprio PMDB, as suspeitas ligações de Saud - que seria o fundador de uma subsidiária do Grupo Ourofino - poderiam causar muito mais problemas ao governo, atingindo escalões superiores. Rossi chegou a dizer a Temer: "Isso não vai parar".
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