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''''O Rio foi um laboratório para o País''''

Responsável pela segurança no Pan, ele quer aplicar plano de vigilância em outras dez regiões metropolitanas

Por Alexandre Rodrigues
Atualização:

Depois de um mês no Rio coordenando a segurança dos Jogos Pan-Americanos, o secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, comemora a consolidação da Força Nacional de Segurança (FNS) após o evento. Em entrevista ao Estado na quarta-feira, pouco antes de voltar a Brasília, o delegado federal disse que é hora de aplicar o plano da vigilância do Pan - da abertura de canais com líderes comunitários ao investimento de mais de R$ 500 milhões em equipamentos - nas outras dez regiões metropolitanas que são alvos do Programa Nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci). A criação da FNS, há quatro anos, foi cercada de dúvidas. O Pan foi o momento em que ela mobilizou o maior número de soldados (entre 4 mil e 6 mil). A FNS está consolidada agora? Sim. O primeiro objetivo da Força é fixar uma doutrina nacional do emprego legal de força, em que todas as 27 Polícias Militares e bombeiros se pautem pelo mesmo procedimento. Esses homens, sendo referência em suas instituições, se tornam multiplicadores. Se esse modelo se consolidou, por que resiste a idéia de que as Forças Armadas deveriam ser convocadas para a segurança? O modelo não é federal, é federativo. As Forças Armadas são efetivos prontos e aquartelados, com uma outra função. Historicamente, o País nunca teve outra alternativa. A Constituição, no artigo 142, autoriza as Forças Armadas a ir para a rua. Mas é um cenário em que o artigo 144, que cuida da segurança pública, tem de estar superado. Então essa alternativa do Exército, recorrente no discurso de governadores, vai ficar cada vez mais distante? Sim. Há uma evolução no conceito de segurança pública. Se perguntássemos hoje aos cariocas se querem tanques e fuzileiros navais em Copacabana para um novo Pan, acho que diriam ''''não''''. O Pronasci mira em 11 regiões metropolitanas, mas a Senasp tem se dedicado mais ao Rio. O Rio é o laboratório do plano? Os Estados não foram selecionados politicamente. Temos que fazer para o País com o Pronasci o que o Pan fez para o Rio. O Rio foi um laboratório porque notamos que a mobilização do Pan afastaria resistências políticas e partidárias. São Paulo viveu em 2006 os ataques do Primeiro Comando da Capital, e as autoridades pareceram surpreendidas. Dá para dizer que São Paulo está imune a novos ataques? Não podemos achar isso. Temos de ficar sempre atentos. A criminalidade se retrai quando o Estado responde de forma qualificada,mas não podemos dizer que não vá acontecer de novo. Quem é: Luiz Fernando Corrêa >Gaúcho de Santa Maria, tem 48 anos. É bacharel em Direito pela Fundação Universidade do Rio Grande >Delegado federal, é secretário nacional de Segurança Pública desde 2003

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