Objeto mais roubado, celular tem ''''mercado do rolo'''' no centro

Para lucrar, bandidos migram do roubo de carro para telefones

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Por Bruno Paes Manso , Rodrigo Pereira e SÃO PAULO
Atualização:

Um dos objetos mais visados pelos bandidos na capital, celulares de origem desconhecida são negociados livremente em pontos de ônibus da Praça Pedro Lessa, no centro, próximo ao Viaduto Santa Ifigênia - o roubo desses aparelhos cresceu 1.200% entre 2000 e 2007, assumindo o topo nesse tipo de crime no Estado, com 29.262 casos no ano passado. Dezenas de pessoas formam aglomerados para vender aparelhos, parte deles com câmera e tocador de MP3. Os preços vão de R$ 80 a R$ 400. A negociata é chamada de "mercado do rolo". Até nota fiscal um vendedor boliviano diz ter, embora o concorrente brasileiro alerte que "isso todo mundo arranja". "Tem que ficar ligado com o número de série. Esse aqui (mostra um aparelho) é zero, de um cliente que desistiu", diz. Uma batida policial, no fim da tarde, inibe a negociata. A dispersão é rápida e suspeitos são revistados. Documentação e aparelhos apresentados, assinam uma planilha e são liberados. "É difícil pegá-los. Para provar que o aparelho é roubado, precisamos da queixa", justifica um PM. Sem a vigilância, o "rolo" é retomado. Novas tecnologias usadas por seguradoras para dificultar a venda das peças de carros roubados e batidas freqüentes em desmanches obrigaram os ladrões a diversificar. Celular é, hoje, o item mais roubado, e o roubo de carros teve redução de 54% entre 2000 e 2007. "A migração de um crime para outro é uma possibilidade. O carro está desvalorizado no mercado paralelo e não chega a R$ 500", analisa o coordenador de Análise e Planejamento da Secretaria de Segurança Pública, Túlio Kahn. As seguradoras usam estratégias como imprimir o chassi nas peças mais caras. "Isso inibiu muito a ação dos bandidos", diz Emerson Bernardes, da Unibanco AIG Seguros, cujos investimentos em segurança saltaram de R$ 7 milhões para R$ 12 milhões de 2006 para 2007.

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