
09 de setembro de 2009 | 00h00
Consideradas fundamentais para evitar transbordamentos, as obras de desassoreamento do Rio Tietê serão prorrogadas por mais um ano. No trecho de 24 quilômetros onde o rio transbordou ontem, como na Ponte das Bandeiras e próximo ao Cebolão, quatro empresas realizam desde outubro do ano passado um trabalho para retirar 40 milhões de metros cúbicos de lixo e de sedimentos acumulados no leito do manancial. A intervenção é considerada por autoridades e especialistas como essencial para a manutenção do aprofundamento de 2,5 metros da calha, concluída em 2003 e responsável por evitar as constantes inundações.
O anúncio da prorrogação foi feito ontem ao Estado pelo superintendente do Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), Ubirajara Tannuri Felix. Minutos depois de sobrevoar a cidade, Felix afirmou que a retirada do lixo do Tietê é um trabalho que não poderá parar. A um mês do final do contrato, orçado em R$ 27,2 milhões, restam R$ 6 milhões para serem pagos. "Os contratos vão ser prorrogados e o valor que falta será aplicado nos próximos dois meses. Essa limpeza do rio precisa ser constante", afirmou o superintendente.
Oito retroescavadeiras realizam hoje o trabalho de retirada do material acumulado no leito do Tietê, entre a Barragem Edgard de Souza e a Barragem da Penha. O rio recebe uma carga poluidora diária de mais de 1,1 mil tonelada de matéria orgânica e 300 toneladas de resíduos sólidos. O lixo despejado diretamente nos 64 córregos afluentes do Tietê também contribui para assoreá-lo.
Além do dinheiro gasto pelo Daee, o governo estadual também mantém no Orçamento o Programa de Infraestrutura Hídrica de Saneamento e Combate às Enchentes, cuja verba orçada para 2009 foi de R$ 252 milhões. Desse total, o governo havia pago até ontem R$ 71 milhões, o que equivale a 28% do total para enchentes no ano.
Para Carlos Bocuhy, membro do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) e presidente do Proam (Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental), o principal vilão do transbordamento do Tietê foi a impermeabilização do solo gerada nos últimos quatro anos pelo boom imobiliário. "Fora o atraso na obra do desassoreamento, a cidade viveu nesses anos um crescimento completamente desordenado e que aumentou muito a massa asfáltica do solo", apontou o ambientalista.
Já o combate às enchentes realizado com dinheiro dos cofres da Prefeitura de São Paulo consumiu neste ano um total de R$ 132,8 milhões, ante R$ 112,3 milhões desembolsados no mesmo período do ano passado.
Entre dez principais ações na área de prevenção às enchentes, o Executivo municipal não gastou neste ano nenhum centavo dos R$ 87.325 orçados para a conservação e manutenção de canais e galerias, por onde escoa a água da chuva.
Encontrou algum erro? Entre em contato