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Obras de Irmã Dulce enfrentam a pior crise financeira dos seus 60 anos 

Complexos de saúde fazem 4 milhões de atendimentos por ano voltados a pessoas em situação de risco social. Papa anunciou nesta semana a canonização da irmã

Por Heliana Frazão
Atualização:

SALVADOR - Feliz com o reconhecimento pelo Vaticano do segundo milagre atribuído a Irmã Dulce, nessa terça-feira, 14, que deverá elevar a religiosa baiana à condição de santa, ainda esse ano, a superintendente das obras sociais que levam o nome da freira, Maria Rita Lopes Pontes, diz esperar com muita expectativa por um terceiro milagre: o de recursos que lhe permitam seguir com o trabalho social, que enfrenta sérias dificuldades financeiras.

Irmã Dulce nasceu em 1914 na cidade de Salvador (BA) Foto: Divulgação instituição Obras Sociais Irmã Dulce

“Infelizmente nem tudo é festa, nos defrontamos com grandes desafios, e o principal deles é a falta de dinheiro. Sem dúvida, esse é o momento mais crítico que já passamos nesses 60 anos de trabalho”, diz Maria Rita.

Ela conta que encerrou o ano de 2018 com um déficit de 11 milhões de reais. “Acho que continuamos de pé graças a ajuda de Irmã Dulce”, comenta.

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Nessa quinta-feira, 16, ela irá a Brasília para uma audiência com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a quem espera sensibilizar sobre a necessidade de liberação de verba. A reportagem tentou contatar a pasta na noite desta terça, mas não obteve resposta.

“As obras estão ficando sucateadas, nossos profissionais trabalhando no limite de suas condições, as despesas aumentam diariamente e não sabemos mais o que fazer”, desabafou a superintendente.

As Obras Sociais de Irmã Dulce abrigam um dos maiores complexos de saúde mantido 100% pelo SUS, no país. São cerca de 4 milhões de procedimentos ambulatoriais, por ano, atendendo a idosos, pessoas com deficiência e com deformidades craniofaciais, pessoas em situação de rua e risco social, entre outras.

Dos 21 núcleos que compõem as obras estão o Hospital Santo Antonio, um Centro Geriátrico, Hospital da Criança, Unidade de Alta Complexidade em Oncologia, todos na capital, Salvador, onde são atendidas pacientes diariamente, todos de baixa renda.

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“Um trabalho desse tamanho não pode sobreviver só de fé. Continuamos enxergando o direito à saúde com os olhos de Irmã Dulce, como aquela última porta que não pode se fechar, mas, precisamos de recursos", conclui Maria Rita.

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