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Onda de rebeliões provoca tensão no sistema penitenciário de SP

Motim continua na Penitenciária de Ribeirão Preto onde há 11 reféns. Em São Paulo, administração acata reivindicação de presidiárias e rebelião acaba. Em Lucélia e Bauru motins chegam ao fim

Por Agencia Estado
Atualização:

Parte dos 1.046 detentos da Penitenciária de Ribeirão Preto, localizada na altura do quilômetro 44 da Rodovia Abraão Assed (SP-333), no bairro Recreio Anhangüera, na região central do Estado, ainda fazem 11 reféns, entre eles nove agentes penitenciários e funcionários de uma empresa terceirizada que contrata presos. Uma mulher evangélica, que estava em poder dos rebelados e que foi ao presídio para pregar aos presos, foi liberada por volta das 21h30 de segunda-feira em troca do fornecimento de gás e energia elétrica para o prédio, que estavam cortados. A carceragem de Ribeirão Preto foi construída para abrigar no máximo 792 pessoas. Segundo a refém libertada, não há feridos dentro do prédio. O prédio continua cercado por policiais militares do 3º Batalhão do Interior. A advogada que representa os detentos, Giseli Aparecida Baldiotti, afirmou que a rebelião é um protesto contra "as condições vexatórias" das visitas das mulheres dos presos. Os presos reivindicam menos rigor nas revistas. Segundo a direção do presídio, um dos motivos principais da minuciosa revista é que nos dois últimos finais de semana, durante as revistas, foram encontrados drogas, como LSD, cocaína e maconha, geralmente na genitália das mulheres de detentos ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital). A rebelião começou por volta das 9 horas, durante o banho de sol. Os portões de ferro foram arrebentados e os presos armaram-se com estiletes e barras de ferro. A cozinha foi tomada. Terminam três motins Terminou, por volta da 0h15 desta terça-feira, uma rebelião de presos que havia sido iniciada no início da tarde de ontem na Penitenciária de Lucélia, região de Presidente Prudente, a 586 quilômetros da capital paulista. Após 12 horas de motim, os quatro últimos reféns, todos agentes carcerários, foram liberados pelos cerca de 1.200 presos que superlotam a carceragem feita para no máximo 800 pessoas. Segundo os funcionários da penitenciária, nenhum dos reféns sofreu ferimentos graves. O motim começou após uma tentativa de fuga. Em Bauru, por volta das 13h ontem, outra rebelião, desta vez na Penitenciária 1 de Bauru, a 335 quilômetros da capital, havia acabado. Os agentes penitenciários Adair Martins Pereira e Rhaeder Araújo Bonetti, feitos reféns por um grupo de 22 presos, anteontem (dia 19), às 21h30, foram libertados sem ferimentos. Sete dos 22 detentos, provenientes da Penitenciária de Guareí, na região de Itapetininga, exigiam ser transferidos para outras unidades, e foram atendidos pois não foram bem recebidos por outras facções. Na cidade de São Paulo, detentas da Penitenciária Sant´Ana, na zona norte, rebelaram-se às 9h45 em protesto contra a transferência de 15 colegas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC) para o Anexo da Casa de Custódia de Taubaté. Elas fizeram oito funcionárias reféns e as agrediram - uma das vítimas foi internada em estado grave. O motim acabou às 17 horas. As rebeladas afirmaram que as colegas corriam risco de vida em Taubaté porque o presídio tem muitas integrantes da facção Terceiro Comando da Capital (TCC), rival do PCC. A Secretaria da Administração Penitenciária cedeu e aceitou remover as 15 detentas de Taubaté para Campinas. Com capacidade para 1.600 detentas, o presídio tinha hoje 1.257 mulheres.

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