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ONGs aguardam repasses para quitar contas

Entidades terceirizadas têm R$ 27 mi para receber da Prefeitura, segundo a qual atraso em janeiro é normal

Por Bruno Paes Manso
Atualização:

Responsáveis pelo atendimento na cidade de São Paulo a crianças, adolescentes, moradores de rua, deficientes, idosos, vítimas de violência e abuso sexual, as cerca de 700 entidades terceirizadas pela Prefeitura voltam a viver um drama que costuma se repetir no começo de cada ano. As organizações sociais ainda não receberam o repasse de R$ 27 milhões mensais que permitem a elas cobrir os custos e salários referentes a dezembro. Durante o ano, o repasse costuma ocorrer até o dia 5 de cada mês. Em janeiro, o dinheiro só sai depois da abertura do orçamento, que ocorre em torno do dia 15. Segundo a Secretaria Municipal de Finanças, esse procedimento é rotineiro e de conhecimento dos parceiros. A secretaria informa que os pagamentos serão feitos nos próximos dias. As entidades, contudo, reclamam que o atraso nunca foi tão grande. Cerca de 65% delas, na estimativa do coordenador do Fórum de Assistência Social, William Lisboa, não têm outra receita além da verba repassada pelo Município. "Hoje (ontem) teríamos de pagar uma guia do INSS de R$ 80 mil. Como não temos dinheiro, seremos multados. O valor da multa quem arca somos nós. A Prefeitura não leva isso em conta", disse Patrícia Cruz, que cuida das finanças da entidade responsável pelos trabalhos do Boraceia e de outros dez projetos que atendem diariamente cerca de mil moradores de rua. Com o atraso nos repasses, a entidade teme ter hoje o gás cortado. Eles ainda não pagaram os salários de dezembro. Marcos Moreira, da Associação Reciclázaro, que atende 1.200 mil moradores de rua, reclama da falta de diálogo e transparência da Prefeitura. "Ninguém nos dá satisfação." Ele reclama que os alimentos para refeições diárias já começam a faltar.

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