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Opala na porta de casa tira sossego de viúva

Nem polícia nem Prefeitura vai rebocar carro

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Por Redação
Atualização:

No dia de Natal, a professora Maria José Falbe-Hansen, de 66 anos, teve uma surpresa. Um grupo de policiais bateu na porta de sua casa, no Brooklin Novo, bairro residencial de classe média da zona sul de São Paulo, para saber se o Opala azul estacionado na frente de sua garagem lhe pertencia. Sem placa, com a pintura meio lixada, pneus murchos e sem a maioria dos acessórios, o automóvel havia chamado a atenção da vizinhança. E um dos moradores chamou a polícia pelo telefone 190. O Opala, obviamente, não pertencia a Maria José, que mora sozinha e não tem carro. Mas, a partir desse dia, o veículo virou um problema para a viúva. "Todos os dias aparece um policial diferente batendo na porta de casa - ao todo foram 15 - para saber se o carro é meu", diz. Cansada da amolação e se sentindo constrangida pela presença constante da polícia, Maria José resolveu escrever com giz branco um comunicado no portão. "Esta porcaria estacionada aqui na porta não pertence a esta casa." Nenhum dos policiais que apareceram por lá conseguiu solucionar o caso do carro abandonado. "Um deles chegou a sugerir que eu pagasse do meu bolso o guincho e abandonasse em outro lugar. Outro me disse para empurrar até a avenida mais próxima, para que alguém acabasse batendo nele e então a CET seria obrigada a retirar o veículo", comenta Maria José. Segundo Yvo Nogueira Jorge, delegado do 27º DP (Campo Belo), a polícia só poderia retirar o carro da rua se ele estivesse envolvido em algum tipo de crime. "Se não é um veículo roubado nem foi usado num delito, a responsabilidade passa a ser da Prefeitura ou da CET (Companhia de Engenharia e Tráfego). A polícia pode apenas tentar descobrir o dono do veículo, mas isso leva algum tempo." DA POLÍCIA À CET Maria José conseguiu ajuda apenas para empurrar o carro um pouco para trás, deixando livre a passagem de sua garagem. Depois, procurou a CET. Os funcionários da companhia informaram que não poderiam guinchar o Opala. Só o fariam se o veículo estivesse parado, por exemplo, num lugar proibido. "Os funcionários da CET disseram que eu deveria ligar para o telefone 156, uma espécie de disque-ajuda da prefeitura." A central foi criada para fazer a intermediação entre os paulistanos e algumas secretarias, como a da Saúde e a da Habitação, entre outras. Em setembro, segundo a Prefeitura, o 156 deixou de receber solicitações referentes à Secretaria Municipal de Transportes. "Não sei mais o que fazer. Já tem gente dormindo dentro do carro", diz a viúva, que agora está preocupada com a possibilidade de o carro virar um chamariz para criminosos. "Tenho medo de ser assaltada." Segundo a Prefeitura, a responsabilidade de retirar carros abandonados da rua é das subprefeituras. Depois da comunicação de abandono, o reboque deve acontecer em até 5 dias úteis. Maria José foi à Subprefeitura de Santo Amaro. Lá, recebeu a informação de que o órgão não faz esse tipo de serviço - e ela deveria ligar para o 156.

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