Operação contra o tráfico chega a empresário no RJ

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Por Agencia Estado
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A megaoperação deflagrada pelas polícias Civil e Federal para desbaratar a quadrilha do traficante Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, chegou hoje a um dos endereços mais chiques da cidade: a Avenida Vieira Souto, na Praia de Ipanema. Quatro agentes federais estiveram por volta das seis horas da manhã no prédio 712, com um mandado de busca e apreensão expedido contra o empresário Carlos Oliveira Silva, "para apurar possível atividade de lavagem de dinheiro", segundo informou a assessoria de imprensa da PF. O bando de Uê chega a faturar R$ 1 milhão por semana. O empresário mora na cobertura do edifício. Ele recebeu os agentes, que permaneceram cerca de três horas revistando o apartamento. Ao fim da operação, ele entregou seu computador pessoal e os extratos de contas telefônicas, conforme determinava o mandado judicial. "Eu estava dormindo quando eles chegaram. Os policiais remexeram tudo e no fim ainda me pediram desculpas", contou Oliveira ao Estado. Oliveira disse que é decorador, e negou envolvimento com a quadrilha de Uê. "A Polícia Federal terá de provar isso. Eu não tenho nada a temer", afirmou. Irritado, ele disse que pode estar sendo vítima de uma "vingança". "Alguém que eu não sei nem quem é me denunciou", afirmou. Mais tarde, aventou outra hipótese: "Eles devem ter me confundido com algum homônimo, pegaram meu endereço em algum lugar e vieram aqui". O chefe da Polícia Civil, Zaqueu Teixeira, considerou emblemática a ação na Avenida Vieira Souto. "Não estamos fazendo incursões somente em favelas. Vamos atacar a matriz do crime, que é o dinheiro", afirmou Teixeira. Hoje, equipes das polícias Federal e Civil revistaram 14 celas no presídio de segurança máxima Bangu 1, entre elas a de Uê. Ali, encontraram apenas um carregador de celular desmontado. "Isso já era esperado. A partir do momento em que foi divulgado que nós prendemos o Orelha (Wanderley Soares, cunhado de Uê), imaginamos que eles iriam desfazer tudo. Mas o uso de carregador já comprova que ele cometia uma ilegalidade: falar ao celular", afirmou o chefe de polícia. Zaqueu afirmou que, a partir das escutas telefônicas autorizadas judicialmente, as equipes já sabiam o que buscar nas celas do traficante e seus 13 comparsas. "Não podemos divulgar o que buscávamos para não prejudicar as investigações. Mas houve um avanço", disse. Os agentes estiveram também em num sítio em Xerém, na Baixada Fluminense, usado por Orelha nos fins de semana. Nada foi encontrado. A Operação Camisa Preta, como está sendo chamada a operação das polícias Federal e Civil, foi deflagrada no domingo, com o objetivo de desarticular a facção criminosa Amigo dos Amigos, comandada por Uê. Na segunda-feira, a PF fechou uma casa de câmbio e agência de viagens em Ipanema, suspeita de lavar dinheiro da venda de drogas. Em dois dias, a Camisa Preta prendeu 14 pessoas, entre elas Orelha e a irmã de Uê, Enivalda Pinto Medeiros. Foram apreendidos sete fuzis, duas pistolas, uma granada, R$ 29 mil, US$ 5 mil, 36 quilos de maconha. A Polícia Civil cumpriu 17 mandados de busca e a PF, 13.

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