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Operação policial deixa cinco mortos no Complexo do Alemão

PF tem informações de que na área são clonados carros para prática de crimes

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma megaoperação, com 250 homens das tropas de elite das polícias Civil e Militar, foi realizada nesta quarta-feira no Complexo do Alemão, conjunto de favelas da zona norte. Depois de dez horas de intenso confronto, 14 criminosos foram presos, um ficou ferido e cinco foram mortos. A operação foi realizada como resposta da Secretaria de Estado de Segurança Pública aos ataques contra prédios públicos ocorridos às vésperas do réveillon, que deixaram 19 mortos no Rio. O Complexo do Alemão é considrerado o princial reduto do Comando Vermelho, uma das facções que comandaram os atentados. "A polícia não é mais reativa. A operação foi planejada pelo Serviço de Inteligência e a prova do sucesso é a grande quantidade de drogas e armas, inclusive granadas, apreendidas, e o grande número de marginais presos", afirmou o secretário José Mariano Beltrame. A operação teve início às 5 horas. O Complexo do Alemão foi dividido entre o Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope) e a Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil (Core) - 40 homens de cada uma das forças. Os criminosos estavam fortemente armados e teve início intenso confronto. Em alguns momentos, menos de 50 metros separavam policiais e traficantes. Diante da reação do tráfico, os policiais pediram reforços de outros batalhões e delegacias - mais 170 homens foram mobilizados. A munição ameaçava acabar. Dois policiais civis tiveram de deixar o local do confronto para reabastecer a equipe. Os agentes que não estavam na linha de tiro repassavam munição para os colegas que enfrentavam os criminosos. "Não esperávamos toda aquela reação e tivemos de pedir mais munição. Mas em nenhum momento houve risco para as equipes. Foi uma medida preventiva", afirmou o coordenador de Recursos Especiais, Rodrigo Oliveira. Apesar da presença maciça da polícia, os traficantes continuaram avançando. A polícia captou a conversa dos criminosos por rádio. Em alguns momentos, eles ordenavam que comparsas atirassem contra repórteres, fotógrafos e cinegrafistas. "Dá neles. Dá na imprensa também". Somente com a chegada dos helicópteros Águia e Fênix os criminosos recuaram. Em uma casa na Rua 6, na Favela de Vila Cruzeiro, agentes da Core fizeram a principal prisão: Edgard Alves Andrade, o Doca, responsável pelo tráfico de drogas no Complexo do Alemão. Ele estava cercado por nove seguranças. Todos foram presos. A polícia confirmou que cinco pessoas morreram no confronto. Dois corpos foram levados para o asfalto no veículo blindado do Bope, o Caveirão. Um adolescente ficou ferido e estava internado, sob custódia, no Hospital Municipal Salgado Filho. O Complexo do Alemão permaneceu sob ocupação policial. A polícia tem a informação de que é no Complexo do Alemão que os criminosos têm clonado carros das polícias civil, militar e federal. Na noite de domingo passado, um grupo se passou por agentes federais e roubou R$ 109 mil da praça de pedágio da Rodovia Rio-Juiz de Fora. Eles usavam duas picapes com as cores e marcas da PF. Um dos carros havia sido localizado, pelo sistema de satélite da seguradora, na Favela da Grota, no complexo. Ataques em dezembro Os ataques a ônibus, delegacias e postos da PM começaram na madrugada de 29 de dezembro. No mais grave dos atentados, sete pessoas morreram carbonizadas num ônibus da Viação Itapemirim. A polícia atribuiu os ataques a uma inédita união de facções rivais contra a ação de milícias, grupo de policiais que atuam em favelas, expulsando o tráfico da comunidade. O Comando Vermelho é apontado como o articulador dessa união.

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