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'Oportunista, DEM quer lavar a cara com a força moral e o prestígio do Serra'

Roberto Jefferson, Presidente do PTB

Por Rosa Costa e BRASÍLIA
Atualização:

O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, definiu ontem como "oportunista" a insistência do DEM de indicar o vice na chapa de José Serra (PSDB) à Presidência. Para ele, trata-se de uma tentativa de "lavar a honra" atingida pela renúncia de seu único governador, José Roberto Arruda, por conta dos escândalos de corrupção no seu governo. "Querem lavar a cara no prestígio do Serra", criticou. "Cada um deve carregar a sua cruz."Jefferson garantiu que a sua divergência quanto à escolha do vice não altera a decisão do PTB de apoiar o candidato tucano. Mas o procedimento teria sido outro, avisou, se o PSDB não tivesse levado tão longe seu empenho em ter como vice o ex-governador mineiro Aécio Neves.Por que o senhor critica a decisão do DEM de indicar o candidato a vice de José Serra?O erro (do partido) foi impor ao Serra um vice que ele não queria. Entendo que o DEM não agiu bem. Foi oportunista porque sabe da necessidade que o Serra tem dos 2 minutos na televisão e no rádio e lhe impôs um vice, quando era muito mais seguro formar uma chapa puro-sangue. Era muito mais seguro ter uma chapa fechada no PSDB para que a candidatura não ficasse vulnerável.Quais são os motivos dessa vulnerabilidade?Porque tem aí um passado muito recente, do Arruda. Há um forte comentário de dossiês nas mãos de advogados, um fortíssimo comentário. E um aloprado faz qualquer negócio por um dossiê desses. Eu não sei qual é a chance de um advogado resistir com esse segredo debaixo do braço. E também porque esses detalhes terão um peso louco lá pra meados de setembro. O DEM forçou muito, demais.O fato de o vice, deputado Índio da Costa, ser ligado à família do presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia, altera a situação?Não, não. Os Maia são os donos do DEM. Quando César Maia comprou o PFL, comprou o ponto. Mudou a razão social para fugir do fisco, fez o Democratas e botou o filho como presidente. E ainda escreveu na porta: sob nova direção.Suas críticas podem ser entendidas como represália ao fato de o vice não ser do PTB?De jeito nenhum. O que eu quero é proteger o Serra. Ele tem de ser protegido, não é a gente aproveitar o momento para lavar a honra com a força moral que ele tem. Lavar a cara com o prestígio do Serra. Cada um carrega sua cruz.O PSDB foi inábil por arrastar a escolha do vice até o prazo final?Ocorre que o Aécio ficou muito tempo na porta. A luta por baixo já havia, mas contra o nome do Aécio ninguém se lançava. O PTB vai relaxar no apoio a José Serra?Não não vamos romper nem criar embaraço. Só vou falar sobre isso hoje e nunca mais vou repetir. Não fiquei satisfeito, não achei correta a posição do DEM. Precisamos é fortalecer o candidato. Não fragilizá-lo.

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