Oposição brasileira ameaça se despedaçar, analisa Clarín

?Os opositores de Lula nunca tiveram uma unidade ideológica séria. Agora, sua aliança está a caminho de se despedaçar?, afirma o jornal argentino

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Por Agencia Estado
Atualização:

A oposição política brasileira ameaça se desintegrar se os resultados das pesquisas de intenção de voto forem confirmados nas eleições de 1º de outubro, diz reportagem publicada nesta quarta-feira pelo jornal argentino Clarín. ?Os opositores de Lula nunca tiveram uma unidade ideológica séria. Agora, sua aliança está a caminho de se despedaçar?, afirma o jornal, prevendo o fim da aliança de 12 anos entre o PSDB e o PFL. Além disso, destaca o jornal, há ameaças de rompimento dentro do próprio PSDB. ?A razão é simples: há uma briga feroz entre o ex-mandatário que governou até 2002 (Fernando Henrique Cardoso) com o resto de seu partido?, diz a reportagem. O Clarín relata a disputa entre o grupo do ex-presidente e o do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, considerado um dos nomes mais cotados do partido para a disputa presidencial de 2010. ?Cardoso não pode conter sua língua venenosa e sugeriu (ainda que de forma indireta) que homens do governador Neves estavam envolvidos na suposta ?podridão política? que se desatou, segundo Cardoso, com o governo Lula?, afirma o texto, sobre a carta publicada por Fernando Henrique na internet na semana passada. O jornal observa que o ex-presidente cria inimigos no próprio partido, incluindo Aécio Neves e o ex-governador Geraldo Alckmin, em sua tentativa de emplacar o ex-prefeito de São Paulo José Serra, seu preferido, como candidato presidencial em 2010. ?O ex-presidente parece decidido a conservar a maior cota de poder mesmo às custas de destruir sua organização?, diz o jornal. ?A sensação que deixou é que se trata de um ex-presidente encurralado: sua meta é manter uma presença política que se extingue à medida que avança em idade. O que falta analisar agora é que oposição política Lula terá que enfrentar em um segundo mandato.? Acordo na Volkswagen O acordo entre a Volkswagen do Brasil e os trabalhadores da fábrica da empresa em São Bernardo do Campo para 3.600 demissões voluntárias foi tema de reportagens nesta quarta-feira em vários jornais da Alemanha, sede mundial da montadora. O Stuttgarter Zeitung observa que a fábrica na via Anchieta é ?a maior e mais antiga da Volskwagen no Brasil? e emprega atualmente 12 mil trabalhadores. ?Os planos para demissões na companhia levaram a violentos protestos nos últimos meses?, diz o jornal, citando a greve encerrada após o acordo. Reportagem do Frankfurter Rundschau observa que o acordo, que ainda deve ser votado pelo sindicato dos trabalhadores nesta semana, prevê o pagamento de 1,4 salário por ano trabalhado como incentivo para as demissões. O Süddeutsche Zeitung, por sua vez, observa que a empresa havia ameaçado que "se as negociações com os trabalhadores fracassassem os trabalhadores demitidos receberiam apenas as compensações mínimas exigidas por lei". De acordo com o jornal, que cita a agência de notícias Reuters, a Volkswagen deve compensar a redução de sua produção no Brasil com a construção de uma nova fábrica na Índia. Visita ao Brasil A visita do primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, ao Brasil voltou a ganhar destaque nesta quarta-feira na imprensa indiana. O diário The Hindu destacou que a visita é a primeira de um premiê indiano ao país em 38 anos e que Singh a considerou como ?uma viagem de descobrimento? e se disse ?muito satisfeito? com as discussões que teve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O jornal observa ainda que após o encontro dos dois líderes foram assinados uma série de acordos de comércio, tecnologia e agricultura e o compromisso de elevar as relações bilaterais ao nível de aliança estratégica, no que ?o presidente brasileiro descreveu como ?um passo gigante??. ?De maneira geral, os dois líderes expressaram sua confiança de que a vontade política e o reconhecimento das imensas vantagens da cooperação ultrapassariam as barreiras da distância e da ausência de laços históricos e tradicionais para tornar as duas nações mais próximas?, diz o diário. O Indian Express observa que apesar dos esforços demonstrados pela visita de Singh, a China saiu na frente da Índia na tentativa de cultivar relações com os países da América Latina. ?A China avança na América Latina e já começou a demonstrar o potencial para ameaçar o tradicional domínio político americano sobre a região?, diz o jornal, comentando que o país já é o segundo maior parceiro comercial de Peru e Brasil, o terceiro maior do Chile e o quarto para a Argentina.

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