Oposição se articula para barrar ''janela de infidelidade''

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Por Marcelo Moraes e BRASÍLIA
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Preocupados com o impacto que a eventual aprovação de uma janela de troca partidária possa provocar sobre seus quadros, integrantes da oposição já se preparam para tentar barrar a proposta, embutida na discussão da reforma política.PSDB, DEM e PPS, siglas da oposição ao Planalto, sabem que a permissão de mudança de partido, conhecida como "janela de infidelidade", deverá abrir a porta para que vários de seus quadros partam em direção da base da presidente Dilma Rousseff, eleita pela aliança entre PT, PMDB, PDT, PC do B e PSB. Na condição de coordenador do PSDB para as propostas de reforma política, o senador Aécio Neves (MG) já avisou que o partido se baterá contra o projeto.Aécio opera para impedir, inclusive, que a medida seja sequer discutida dentro da comissão especial que trata da reforma política no Senado.Mas a dificuldade da oposição para barrar o avanço dos debates nesse sentido será muito grande, já que parlamentares de todos os partidos reclamam do engessamento da regra que proibiu a troca de legenda sem razão prevista na legislação eleitoral.Conforme a lei, só podem mudar de partido os políticos que comprovarem perseguição política, expulsão, mudança radical de rumo programático ou a criação de um novo partido. Este último item é que levou o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, a criar, a partir de hoje, o PSD.Antes da lei, aprovada por decisão do Poder Judiciário, era costumeira a troca frequente de filiação. Alguns parlamentares chegavam a passar por mais de dois partidos em um mesmo ano. Na avaliação de Aécio seria um erro para o Congresso aprovar uma reforma política que fosse baseada apenas nesse ponto. "Nós fazermos a reforma política pela janela é andar para trás", afirma. "Eu acho que isso significa você não fazer reforma, mas sim encontrar uma solução para problemas absolutamente casuísticos", acrescenta.O temor de Aécio se justifica. Historicamente, na política brasileira os partidos aliados ao governo costumam engordar sua fileiras. O próprio DEM, que perdeu Kassab, foi uma das maiores siglas do País quando fazia parte da gestão Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).O senador defende que o projeto fique de fora da pauta da comissão especial de reforma política. "Se lá na frente isso vier a ser discutido, no final do mandato, por alguma razão específica, tudo bem. Mas eu acho que a janela não tem que estar nem na discussão da comissão", diz.

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